A origem da confusão entre Sérgio Fink e Edemar Rambo foi o panfleto espalhado recentemente pelo Sindicato dos Sapateiros e pelo Sindicato dos Servidores Públicos contra a construção da Câmara de Vereadores.
Há duas semanas, foi aprovado o pedido de informações 030/2009, que solicitava esclarecimentos das forças sindicais sobre o material. Os vereadores queriam saber, entre outras coisas, quanto foi gasto com os panfletos e quem pagou. Os líderes sindicais foram convidados para usar a tribuna e nesta segunda estiveram na sessão Hélio Seibert, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos, e Edemar Rambo, como representante do Sindicato dos Sapateiros.
Hélio foi o primeiro a falar. Ele disse que o pedido da Câmara não tem base jurídica.
- A liberdade sindical é assegurada pela Constituição. Não podemos sofrer interferência do Poder Público. Não quero acreditar que tenha sido uma tentativa de intervenção, mas sim, um lapso jurídico - afirmou ele, dizendo que o sindicato só precisa prestar contas ao associado.
Fink disse que a explicação era para quem quer intervir, o que não é o caso da Câmara:
- Nós apenas pedimos informações bem simples, como a prestação de contas de 2008 e 2009. Que aberração há nisso? Em nenhum momento pedimos intervenção. Ou será que tem algo a esconder? Qual é o problema em dizer o que foi feito com o dinheiro do servidor público?
O presidente também perguntou se Hélio havia dirigido a Associação dos Professores Municipais de Dois Irmãos (APROMUNDI) no período de 1993 a 1994, e ele confirmou.
- Talvez o senhor não quer dar informações sobre a APROMUNDI também? - insistiu.
- O senhor está insinuando sobre o dinheiro que sumiu? O professor que fez isso foi demitido - defendeu-se Hélio.
- Mas o senhor era o presidente, não era? - continuou Sérgio.
- Era - respondeu Hélio.
- Então está bem... - conclui Sérgio.
Tânia também critica
Na sequência, Tânia da Silva (PMDB) também criticou o panfleto dos sindicatos:
- Ao dizer que a comunidade deve ir nas sessões manifestar sua contrariedade à Câmara, já estão induzindo as pessoas - reclamou ela.
- É liberdade de expressão - disse Hélio.
- Quer dizer que agora é liberdade de expressão, mas quando nós fizemos perguntas, é ditadura... - protestou o presidente Sérgio.
Hélio, então, pediu para deixar a tribuna.
“Aqui o senhor não vai gritar”, diz Fink
Depois de Hélio, foi a vez de Rambo subir na tribuna.
Ele repetiu a explicação de que o sindicato é “órgão privado” e “só tem obrigação com seu associado”. Sobre o panfleto, Rambo garantiu que “não foi o primeiro nem o último”.
Sérgio questionou:
- Por que o povo não pode saber quanto foi gasto no panfleto? Não entendo a crise que criaram por causa de um simples pedido de informações.
Rambo disse que o presidente demonstra “vaidade” e que o único papel do Legislativo é fiscalizar o Executivo.
Sérgio rebateu:
- O senhor deveria voltar a esta casa... Tomara que se eleja na próxima. Foi duas vezes vereador e diz que o único papel da Câmara é fiscalizar...
Rambo tentou interromper e Sérgio exigiu respeito:
- Respeitei o senhor no seu pronunciamento e exijo que me respeite também. O senhor está acostumado a gritar na porta das fábricas, mas aqui não vai gritar, não! - disse.
- Se o senhor falar bobagem, não vou respeitar... - retrucou o sindicalista Rambo.
Sérgio pediu, então, que ele se retirasse da tribuna.
No espaço de líder, Sérgio criticou os dois sindicatos por fazerem uma campanha “sórdida e mal intencionada”. Ele lembrou que antes de espalhar o panfleto contra a construção da Câmara, o Sindicato dos Sapateiros tentou vender o prédio do Unser Haus para o Poder Legislativo.
- O que eu não aceito é utilizarem meios sorrateiros... Esqueceram de colocar no panfleto que queriam que eu comprasse o Unser Haus por 900 mil. Para construir o prédio novo, gastaria 700 mil. Não sei quem ia ganhar com isso... Sem contar que teria que fazer um monte de reformas. Só porque não entrei no “acordo” do sindicato, começaram esta campanha - disparou Sérgio.
Por fim, mandou um recado direto a Rambo:
- O senhor está acostumado a gritar na porta de fábrica, a chamar todo mundo de ladrão... Mas, aqui, sem chance! Vai gritar em outro lugar! O senhor tem bastante explicações a dar. Vamos lembrar um pouco sua história, ela é bem interessante.
Tumulto no intervalo
Veio o intervalo e Rambo foi reclamar do pronunciamento do presidente. Os dois, então, começaram um verdadeiro bate-boca que por pouco não descambou para a agressão física.
Sérgio puxou um envelope e cobrou explicações do sindicalista sobre 60 notas promissórias.
- Quero que o senhor explique essas promissórias e diga ao povo de Dois Irmãos com quem o senhor foi jantar no Fratello - disparou Sérgio.
O clima ficou pesado:
- Tu é um palhaço, sem vergonha... Quer falar de vida pessoal... É o único vereador que já foi cassado, já foi preso... - respondeu Rambo.
- Não sei por que tu tá tão nervoso, Rambo... Só quero que tu explique para o povo - insistiu Sérgio.
A turma do “deixa-disso” tentou intervir, mas os dois continuaram batendo boca do lado de fora. A impressão era de que a qualquer momento haveria uma agressão física.
Depois de uns cinco minutos de discussão, colegas de partido afastaram os dois e evitaram o pior.
Na volta do intervalo, Sérgio disse que não vai aceitar “truculência” e “intimidação”. Ele reclamou que foi ofendido por Rambo:
- Parece que tem uma campanha sórdida para denegrir a imagem do Legislativo. Ele já foi exposto ao julgamento das urnas e não conseguiu se eleger. Ele veio gritar e me ofendeu. Será que fui eu quem faltei com respeito? Quantos empregos ele já gerou? Quantos recursos já trouxe para a cidade? Quantos projetos já apresentou? Vamos fazer esta comparação - declarou o presidente, dizendo que em nenhum momento pensou em partir para a agressão física.
No final, Sérgio comentou que no fim de semana recebeu uma ameaça anônima por telefone e registrou ocorrência na DP.
Em tempo - Ficou no ar a questão das “notas promissórias” e do tal “jantar no Fratello”. Sérgio, no entanto, não deu mais detalhes sobre o assunto, dando a entender apenas que é “grave”.