O Jornal Dois Irmãos recebeu sexta a visita ilustre de Jayme Keunecke, o “JK” do programa Clóvis Duarte
O Jornal Dois Irmãos recebeu nesta sexta-feira a visita ilustre do jornalista Jayme Keunecke, 75 anos, o famoso “JK” do Programa Clóvis Duarte, exibido de segunda a sexta-feira das 18h45 às 19h45 na TV Pampa (canal 4). O programa tem como característica principal levar aos telespectadores a notícia de forma descontraída e bem dinâmica.
Jornalista político há 51 anos, JK conviveu de perto com vários presidentes e governadores. Já entrevistou, entre outros, Juscelino Kubitschek - que também era JK -, Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, Alceu Colares, Olívio Dutra, Antonio Britto, Germano Rigotto e a “Yeda Cruz Credo”, como ele mesmo brinca.
Nesta entrevista exclusiva, JK conta um pouco da vasta experiência no jornalismo gaúcho.
Como começou no jornalismo?
JK - Estou na profissão há 51 anos. Comecei na Rádio Clube Canoas, em Porto Alegre, que hoje é a Rádio Metrópole do Grupo RBS. Na época, ela era de propriedade de João Goulart, eu tinha 24 anos. Em 1957 fui para o Diário de Notícias onde fiquei por 26 anos. Também trabalhei três anos na RBS, passando por Zero Hora, TV Gaúcha e Rádio Gaúcha, onde trabalhei com Mendes Ribeiro e Dilamar Machado.
Quando chegou no Guerrilheiros da Notícia?
JK - De 1982 a 1990 fiquei afastado do jornalismo, trabalhando primeiramente na campanha a deputado de Pratini de Moraes e depois no seu gabinete em Brasília. Lembro que na época a gente veio a Dois Irmãos fazer campanha e aqui o candidato a prefeito pelo PDS era o Romeo Wolf, que inclusive venceu as eleições. Então, em 1990, eu fui convidado pelo Flávio Alcaraz Gomes para participar do Guerrilheiros da Notícia (programa que fez história na TV Guaíba, canal 2, e que agora é exibido pela TV Pampa no início da tarde).
Como foi trabalhar com o Flávio?
JK - Flávio é um grande “cozinheiro”, como se diz no jornalismo. Ele deixa o pessoal trabalhar, provoca o debate. Eu fazia TV e tinha um comentário diário na Rádio Guaíba. Há dois anos, quando a Igreja Universal comprou a Caldas Júnior, eles terminaram com todos os programas locais e nós passamos para a Rede Pampa. Só que aí o horário era das 13h às 13h45, e não servia para mim. Eu tinha dez clientes no programa. Liguei para eles e todos disseram que este horário também não servia, então os levei comigo. Em julho do ano que vem completo três anos com o Clóvis Duarte.
Depois de mais de 50 anos, o que dizer da profissão de jornalismo?
JK - Amo o que faço. Mas além do jornalismo, faço também publicidade, porque só como jornalista a gente morre de fome (risos). Eu mesmo sou minha “agência de publicidade” .
Como surgiu o “JK”?
JK - Em 1957, quando estava Diário de Notícias, eu assinava as colunas com meu nome todo. O problema é que meu nome todo não é só Jayme Keunecke; é Jayme Ricardo Machado Keunecke, uma loucura de nome (risos). Então, como era a época do presidente Juscelino Kubitschek, o Ernesto Corrêa mandou eu assinar como “JK” também. “Tu até é parecido com o Juscelino”, ele dizia. E assim ficou. Hoje até os meus filhos e netos às vezes me chamam de JK.
Nestes 51 anos de jornalismo, lembra de algum caso marcante dos bastidores da televisão?
JK - Acontece tanta coisa nos bastidores... Certa vez estava entrevistando o general Ibá Ilha Moreira, que era secretário de segurança pública, e perguntei: “General, o senhor disse que terminou com os problemas de segurança pública, mas quanto ao jogo do bicho?” Na hora tirei do bolso um joguinho que eu tinha feito e emendei: “Esse aqui eu fiz ainda hoje pela manhã...” Ele respondeu: “Eu posso prender o senhor agora mesmo”. Eu estava tremendo. “Quem joga também é contraventor”, continuou ele. Estávamos ao vivo, na TV Piratini, eu olhei para a câmera e chamei logo o intervalo.
Como grande jornalista político, quem foi o melhor presidente do Brasil na sua opinião?
JK - Figueiredo foi um grande presidente.
E o melhor governador do Estado?
JK - Leonel Brizola, pelo plano de escolarização que fez. Ele construiu 500 escolas no Rio Grande do Sul, com escola integral. Um trabalho fantástico!
O que dizer do atual governo Lula?
JK - O Lula tem grande popularidade. Se ele pudesse concorrer novamente em 2010, se reelegeria.
Ele soube escolher a sua equipe de trabalho. Ele não entende nada, mas soube escolhe quem entende.
E de Yeda Crusius?
JK - A governadora Yeda colocou as finanças do Estado em dia, mas politicamente ela é um desastre. É uma mulher competente, mas que não sabe dialogar, não sabe se comunicar. Ela não segue os preceitos do grande comunicador da televisão brasileira, o Chacrinha, que dizia “quem não se comunica se trumbica”.