quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dois Irmãos vai ter mudanças no transporte escolar em 2010


Pais e professores participaram nesta segunda-feira de um debate sobre o projeto 162/2009 na Câmara de Vereadores.
O documento altera a Lei que trata do transporte escolar. A prefeitura quer reduzir o gasto com o transporte de alunos, que hoje fica próximo de 1 milhão de reais por ano - o que representa quase 10% do orçamento total da educação, segundo o secretário Maurício Klein. O projeto tem pontos polêmicos e divide opiniões. A questão principal diz respeito ao zoneamento, ou seja, os pais devem matricular seus filhos na escola mais próxima da sua casa.
-Não tem sentido a criança morar em um lado da cidade e estudar numa escola que fica do outro lado. São 680 reais/ano por aluno. Temos que racionalizar - comentou o secretário de Educação, Maurício Klein, que esteve na reunião.
Pela nova proposta, a concessão do benefício fica vinculada à matrícula indicada no zoneamento. No caso de ausência de vaga na escola indicada, o município arcará com 100% da passagem. Os alunos que já estiverem, de forma contínua, matriculados há mais de dois anos em uma escola que não é a mais próxima de sua casa, terão de pagar metade da passagem se quiserem permanecer na mesma instituição. Já quem vai fazer a primeira matrícula e não pretende deixar seu filho na escola do bairro onde mora, não terá direito ao benefício do transporte escolar.
Há pais que apóiam a mudança e outros que contestam. Uma questão levantada no debate de ontem diz respeito às escolas de difícil acesso. No Travessão, por exemplo, há famílias que moram mais perto da escola estadual João Grawer Filho, mas ganham transporte porque têm os filhos matriculados na escola municipal Albano Hansen. Os pais estão preocupados porque, se forem obrigados a mudar, os filhos terão de enfrentar o perigo para atravessar a BR 116 e chegar na outra escola. Assim também acontece no Vale Direito, onde a falta de passeio público dificulta o acesso à escola municipal Carlos Rausch. Por outro lado, tem pais que defendem o zoneamento por ser mais seguro para os alunos estudarem perto de casa.
Outro ponto polêmico é a distância da casa até a escola. Pelo novo projeto, os alunos com mais de 11 anos completados até a data da matrícula só recebem o benefício se morarem a pelo menos 1.800 metros da escola. Antes, a distância mínima exigida era 1.500 metros. A oposição não aceita mudar:
- Em 2001, este vereador que vos fala falou com o Juarez (Stein, prefeito na época) e a distância mínima passou de 2km para 1.500 metros de dia e de 1.500 para 1.000 metros à noite. Posso até concordar com o zoneamento, mas não mudo a distância - comentou o vereador Paulinho Quadri (PMDB), que pretende entrar com uma emenda neste sentido.

VEREADORES TROCAM ALFINETADAS
O presidente da Câmara, Sérgio Fink (PSDB), sugeriu que seja mantida a distância mínima de 1.500 metros e que as crianças matriculadas há mais de dois anos não entrem no zoneamento, ou seja, continuem com o benefício integral. A situação (leia-se PDT e PT), no entanto, defende que é preciso cortar gastos desnecessários e fazer economia com o transporte para garantir mais investimentos na melhoria das escolas.
A oposição contesta:
- Essa questão de dizer que vai ter mais recursos para as escolas é muito subjetiva. Sempre investiram no transporte e mesmo assim o município conseguiu construir ginásios e ampliar escolas. É preciso fazer economia em todas as áreas administrativas. Não podemos transformar o transporte escolar em cavalo de batalha - comentou Sérgio Fink.
Eliseu Rossa (PT) defendeu o projeto, lembrando que na sua época de estudante chegava a caminhar até 6 km para chegar na escola. A oposição não gostou:
- Já que o senhor defende que é importante caminhar, também seria interessante que os funcionários da prefeitura, em vez de ir de carro nos bancos, fossem a pé. Ou para trazer documentos até a Câmara, que viessem caminhando - disse Fink.
Jerri Meneghetti (PP) concordou com o presidente:
- Há 20, 30 anos, havia mais carroças do que carro no trânsito. Hoje, uma diferença de 300 metros pode significar um acidente - alertou o vereador.
Eliane Becker (PP) acrescentou:
- Reclamam que tem de pagar a empresa Wendling para o transporte escolar, mas a Câmara devolveu o dinheiro para comprar um ônibus escolar e até agora nada - alfinetou a vereadora.
O certo é que a polêmica ainda não acabou. O projeto continua na Comissão de Pareceres e pode receber emendas. A votação deve acontecer na próxima sessão, na segunda, dia 16.

Oposição contesta prefeito sobre queda na arrecadação




O embate político anda quente na Câmara de Vereadores - o que não é novidade! Na segunda-feira o clima voltou a esquentar antes mesmo de alguém usar a tribuna.
Logo no início da sessão, o presidente Sérgio Fink (PSDB) foi obrigado a chamar a atenção de Jair Quilin (PDT), que falava ao telefone celular durante a votação de um pedido de regime de urgência.
- Suspendo a sessão para esperar o Jair terminar de falar... - disse Sérgio.
Jair não gostou:
- Estou ouvindo... - retrucou ele.
O presidente continuou:
- Não quero aparecer na TV como as outras Câmaras de Vereadores...
- O senhor já apareceu pior -
rebateu o líder de governo.
- O senhor é que sabe, tem experiência nisso - afirmou Sérgio.
Por fim, o presidente lembrou o colega que há placas na Câmara proibindo o uso de celular durante a sessão.
A breve discussão foi apenas um aperitivo para o que viria depois. A polêmica da noite ficou por conta de uma notícia veiculada na imprensa, na última sexta-feira, dizendo que o prefeito Miguel Schwengber foi obrigado a suspender obras em Dois Irmãos em razão da queda de 1 milhão de reais na arrecadação.
A declaração do prefeito revoltou os vereadores da oposição, que pretendem chamar Miguel para dar explicações sobre o assunto na próxima segunda.
- O prefeito disse que teve que suspender obras, mas eu pergunto: que obras foram suspensas? Que obras foram feitas em 11 meses? Se eles estão acostumados a fazer isso em outras regiões, tudo bem! Mas aqui o pessoal é decente e eu não aceito esse tipo de coisa. É uma vergonha! É como dizem: eles mentem e mentem, até fazer o povo acreditar, mas a mim não vão fazer - declarou Paulinho Quadri (PMDB).
Eliseu Rossa (PT) defendeu o governo e disse que Paulinho é “raivoso”:
- O município investiu 1 milhão e 200 mil na FADI, abrindo mais 250 vagas nas creches e passando a mensalidade de 177 para 98 reais. Em quatro anos, isso representa quase 3 milhões que as famílias terão para movimentar a economia. Também investimos 1 milhão 548 mil na troca da administração do hospital, colocamos 350 mil de contrapartida para o asfalto na Estrada Sapiranga, 250 mil na compra de um terreno na Av. João Klauck para uma escola infantil, 113 mil em um terreno no Primavera... Enfim, o governo está trabalhando. Não podemos criar rancores.
Sérgio entrou na discussão:
- Na campanha eles prometeram “fazer chover pra cima”, mas hoje estão vendo que a realidade é diferente. O que eu não aceito é esse cálculo de arrecadação. Ou os balancetes que chegam até nós estão faltando com a verdade ou quem vai no jornal está faltando com a verdade. Até outubro de 2009 Dois Irmãos arrecadou 31 milhões de reais. No mesmo período do ano passado, a arrecadação foi de 30 milhões 117 mil. Ou seja: já arrecadaram quase 1 milhão a mais, e não a menos, como dizem. Se fizer a projeção até o final do ano, o município deve arrecadar 38 milhões e 800 mil reais em 2009 contra 36 milhões e 900 mil em 2008. Fica a dúvida: o que está certo? Os números ou o prefeito que vai no jornal dizer que tem 1 milhão a menos talvez para justificar a falta de obras? - questionou o presidente.
Joracir Filipin (PT) rebateu:
- As obras vão começar a aparecer a partir do ano que vem. Muitas obras que estão sendo feitas não são faraônicas, mas são obras pequenas que a comunidade necessita. Não adianta fazer obras faraônicas como o palco móvel, que custou 600 mil e hoje está lá parado - disparou ele.
Jerri Meneghetti (PP) discordou:
- Por que divulgar que arrecadou 1 milhão a menos se na verdade foi o contrário? Não podemos deixar passar em branco este tipo de coisa - disparou ele.
Tânia da Silva (PMDB) seguiu o tom dos colegas de oposição:
- Como é diferente quando se vai para o outro lado do balcão... Escutamos uma defesa do governo que é indefensável. Foi feita uma pergunta simples: que obras? Tudo o que o Eliseu colocou são ações que precisam ser feitas. Dizer que foi colocado bloqueto de concreto no Postão, num prédio que não é nosso, isso não é obra. O prédio do CAPS (Centro de Atenção Psico-Social) foi alugado há três meses, com 1.100 reais de aluguel, e ainda não foi inaugurado. Não tem atendimento psiquiátrico, nem assistente social. Se é para ser assim, fica fácil.