quinta-feira, 25 de junho de 2009

DENARC já prendeu mais de 300 traficantes em 2009


O diretor do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcotráfico (Denarc), delegado João Bancolini, esteve na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos nesta segunda-feira.
Bancolini tem 64 anos e há 40 trabalha na polícia. Em entrevista exclusiva ao Jornal Dois Irmãos, o delegado falou da desgraça do crack, que aterroriza o Estado; e como atua o Denarc no combate ao tráfico de entorpecentes.


Em quais delegacias já trabalhou?
Bancolini -
Já trabalhei nas delegacias de Itapema, Soledade, Osório e Passo Fundo. Depois entrei para a divisão de investigações e assumi os departamentos de furto de veículos, furto, capturas e roubos, consecutivamente. Saí da divisão e atuei em outras delegacias em Novo Hamburgo, Canoas, São Leopoldo e Porto Alegre. Por duas vezes estive a frente da Delegacia Regional em São Leopoldo, a última de 3 de abril de 2007 a 9 de fevereiro de 2009, quando assumi o Denarc.


Qual sua avaliação do trabalho do Denarc?
Bancolini -
A nossa prioridade é o combate às drogas no Estado. Para as pessoas terem uma ideia de como está sendo a repressão ao tráfico, em 2007 foram apreendidos 72 quilos de crack no Estado; em 2008, apenas 28 quilos. Nos primeiros cinco meses de 2009, já apreendemos mais de 60 quilos. Outro dado que comprava a força contra a droga foi a prisão de 310 traficantes até agora. Só no mês de maio foram 73. São números surpreendentes e tenho certeza de que até o final do ano vamos superar ainda mais nas apreensões e prisões. O tráfico aumentou, mas também aumentou o combate. Posso afirmar que já foram desmanteladas mais de 30 quadrilhas do tráfico no Estado.


Quais as mais recentes ações do Denarc?
Bancolini -
Uma delas foi a Operação Escola, onde fizemos um trabalho em volta de 34 instituições de Porto Alegre e da Grande Porto Alegre. Prendemos 43 traficantes em flagrante. Eles agiam em volta das escolas, tentando passar drogas para os alunos. Foi um mês de intenso trabalho, que mobilizou cerca de 30 policiais. Tivemos até um casal que se passou por estudantes, para conhecer a rotina dos traficantes. Também desencadeamos outras operações fortes com excelentes apreensões. Só em Canoas nós derrubamos duas grandes quadrilhas do tráfico. Em uma das nossas operações, chegamos a apreender 5 quilos de crack dentro da casinha de boneca da filha de um traficante. Eles não têm escrúpulos, se fazem isso com a própria filha, imagina com o filho dos outros. Outra apreensão que assustou - e rezamos para que seja única - foi de 1 quilo de merla na Vila Conceição, droga mais destrutiva que o crack.

Qual tem sido o foco de atuação do departamento?
Bancolini -
O nosso foco é todo Estado, desde a capital até as cidades do interior. O Denarc tem três divisões: investigação criminal, prevenção e educação e assessoramento. A maioria das pessoas acha que só prendemos e acabamos com quadrilhas, mas, além disso, nos preocupamos com a prevenção. O nosso foco é combater o tráfico e ajudar na prevenção de futuros problemas.

Qual a maior dificuldade no combate às drogas no Rio Grande do Sul?
Bancolini -
Chegar ao traficante, pois ele não fica muito tempo no mesmo lugar, seguidamente está trocando de residência. Tem também a dificuldade do endereço, muitas vezes eles chegam a trocar o número da casa. Como agimos dentro da lei, para poder entrar na casa do traficante precisamos de mandados expedidos pela Justiça, e para isso temos de ter o endereço correto. O tráfico é uma firma. Além disso, temos outras duas enormes dificuldades. Uma é o silêncio que impera nas vilas. As pessoas não denunciam por medo ou por estarem sendo beneficiadas pelo tráfico. A segunda é a própria Lei. Hoje o usuário não é preso, apenas se for pego com droga em quantidade pequena, é levado para a polícia e é feito um Termo Circunstanciado (TC). Ele responde em liberdade. Isso acaba sendo um incentivo para o uso, como também estímulo para o traficante se passar por usuário quando pego com quantidades pequenas.

Como funciona essa firma do tráfico?
Bancolini -
Os traficantes são organizados e agem rápido. O tráfico é uma firma: tem o mula, que é quem leva a grande quantidade da droga para os locais de distribuição; os vapozeiros, quem vende a droga em pequenas quantidades; o olheiro, aquele que fica no rádio e celular observando aos arredores dos pontos do tráfico; o soldado, aquele que tem que proteger e preservar o território do tráfico. Se precisar, ele mata por 10 mil ou por 10 reais; o gerente, que gerencia a droga; e por fim o patrão, aquele que não aparece na cena do tráfico, mas que lucra com a maior parte da venda.

O Denarc tem feito um bom trabalho. A que se devem essas “boas notícias”?
Bancolini -
Esses bons resultados devem-se às chefias da polícia em priorizar o combate à droga, com prisões e apreensões. As boas notícias também são resultados da dedicação de todos que se envolvem nas operações. Hoje, 70% dos crimes estão relacionados ás drogas, como latrocínios, execuções, roubos e delitos menores. Os outros 30% são crimes passionais. A imprensa também tem sido de suma importância neste trabalho, pois está unida no combate a tudo isso.


Hoje se fala muito na desgraça do crack. Qual é a real dimensão do problema a nível estadual e na região metropolitana?
Bancolini -
A Secretaria de Saúde apontou que são 55 mil viciados na droga no Rio Grande do Sul. Esse dado pode ser ainda maior. Tempos atrás a preocupação era com Porto Alegre e a Grande Porto Alegre, mas o problema se espalhou para cidades do interior, como Dois Irmãos. Os traficantes estão procurando novos mercados, e para isso acabam vindo para cidades economicamente fortes, como aqui. Já desmanchamos três QG’s em Portão, cidade não muito diferente de Dois Irmãos. Estamos intensificando e sendo parceiros no combate às drogas, assim como sua entrada no interior.


E onde está a solução para o problema?
Bancolini -
Na repressão e na prevenção. Um grande passo no combate é a sociedade, que já reconheceu o problema. Acredito muito na prevenção para novos jovens não entrarem neste caminho muitas vezes sem volta. Na maioria dos casos, eles entram pela falta de informação. Se tivessem noção do poder que a droga tem, nem chegariam perto. Também precisamos investir no tratamento qualificado dos viciados. Precisamos de ambulatórios e pessoas bem preparadas para isso. A família é muito importante, os pais não devem só dar amor ao filho; precisam sentar e conversar, saber sempre onde e com quem os filhos estão. Os jovens muitas vezes entram no mundo da droga para acompanhar os amigos ou para fugir de algum problema. Maconha e álcool são portas de entrada para o crack.

Como o senhor avalia o trabalho das polícias no combate às drogas?
Bancolini -
As polícias Civil e Militar estão mais presentes e com o foco na segurança. Todos têm famílias e eles sabem que quanto mais a droga for evitada na sociedade, mais protegidas estarão suas famílias e a comunidade. Vejo no futuro uma polícia mais bem aparelhada, leis mais rigorosas e uma baixa significativa da droga, pois combatê-la 100% é praticamente impossível. Ainda seremos um país de primeiro mundo.

DENÚNCIAS
O delegado Bancolini destaca a importância das denúncias, umas das melhores maneiras de iniciar uma investigação para apreender drogas e colocar o traficante atrás das grades. “Sabemos que não é fácil denunciar, pois a polícia não pode proteger o cidadão em todos os lugares 24 horas por dia. Por isso, a denúncia pode ser anônima, mas queremos que ela seja feita”, diz. Os telefones para denúncias são: 0800-518518 ou pelo telefone operacional do delegado 8416-8820. “Este telefone foi o Estado que me passou e ele está disponível à população 24 horas por dia”.

Câmara recebeu a visita de delegados do Denarc


A Câmara de Vereadores recebeu na segunda-feira à noite a visita do diretor geral do Denarc, delegado João Bancolini. Ele participou de uma reunião com os vereadores e fez uma breve explanação do trabalho do departamento no Estado. Bancolini, que já comandou a delegacia regional de São Leopoldo, elogiou o bom ambiente de trabalho encontrado pelos policiais no Vale do Sinos.
- As comunidades daqui realmente dão toda a ajuda que a polícia precisa - comentou Bancolini, dizendo que Dois Irmãos é a primeira cidade que visita desde que assumiu o Denarc.
O delegado colocou-se à disposição de todos e, por fim, ainda brincou:
- Vocês só cometeram um erro: me trataram tão bem que vou querer voltar.
O público também teve uma importante palestra com o delegado Roberto Leite Pimentel e o comissário Janito Kaepler, que atuam na área de educação e prevenção. Segundo o delegado Roberto, a droga entrou com muita força no RS.
- As apreensões surpreendem pela natureza e pela quantidade. Há cinco anos ninguém imaginava que poderia chegar aos padrões de São Paulo e Rio de Janeiro. A droga está entrando com muita efetividade em todos os municípios - disse ele.
As delegacias do Denarc apreendem em média 10 quilos de cocaína por semana. De acordo com o delegado Roberto Pimentel, com 1 grama de cocaína são produzidas 5 pedras de crack.
- E o crack é uma droga de altíssimo poder de dependência. Especialistas dizem que no segundo ou terceiro contato com o crack o usuário já se encontra em uma situação de dependência potencializada. Hoje, segundo os órgãos de saúde do Estado, existem 50 mil usuários do Rio Grande do Sul. Mas este número é bastante tímido - diz ele.
O delegado Roberto destacou que as bebidas alcoólicas e o cigarro são uma “iniciação para passar para o outro lado”. Ele também criticou a discussão sobre a legalização ou não da maconha.
- Dizer que o uso inofensivo da maconha não trará consequências é inverídico - afirmou ele, dizendo que muitos jovens fumam o chamado “pitico”, um cigarro de maconha com pedra de crack.
A droga é hoje um problema social. Para o comissário Janito Kaepler, a prevenção continua sendo a principal forma de combate. Ele destacou a importância fundamental da família, que é “peça-chave” na cruzada contra as drogas.
- A situação está indo para um lado que só tem um remédio: A FAMÍLIA! Os pais precisam saber onde estão seus filhos, quem são seus amigos, com quem eles andam. É preciso dar amor e carinho. Nas palestras que faço, costumo perguntar aos pais quando foi a última vez que eles pegaram seus filhos no colo e disseram que amavam eles - comentou Janito, reforçando que o cigarro e o álcool são a “porta de entrada” para as outras drogas.
No final da palestra, o presidente Sérgio Fink (PSDB) agradeceu a presença dos delegados e disse que todos os dois-irmonenses vão se tornar soldados incansáveis na luta contra as drogas.
Na página 7, leia a entrevista com Bancolini.

Êta São João animado, sô!


Ontem, 24 de junho, foi dia de São João.
Escolas, creches e grupos de melhor idade comemoraram a data com muita alegria, danças e comidas típicas. O Clube de Idosos Reviver, por exemplo, mais uma vez deu um show de criatividade com o tradicional casamento à caipira e o desfile dos noivos de carroça pela cidade momentos antes do casório.
O passeio teve a escolta da Brigada Militar. Cristina Becker é considerada a “chofer oficial” da carreta, que ela dirige pelo terceiro ano consecutivo. Ela sente orgulho em levar os noivos, que passeiam ao som de bandinha típica pela cidade. Alguns convidados acompanham a pé e acenam para os moradores. Já na Sociedade Santa Cecília, o casório foi o momento mais aguardado. Herina Berlitz, 65 anos, Diva Georg, 69 e Adelina Giusmann, 60, entraram na festa como convidadas de honra. “Estamos comemorando o Dia de São João. Ele é um Santo protetor, e somos convidadas dos noivos”, diz Herina. Vestidas a rigor, as amigas não pararam um minuto, a não ser no momento da cerimônia. “Antigamente não tinha nada disso. Não tinha clube, nada. Então hoje a gente participa sempre dessa brincadeira. Eu mesma fiz "fuxico”, costurei as flores no chapéu e deixei a roupa prontinha alguns dias antes já”, comenta dona Diva, atenta aos mínimos detalhes.
A felicidade dos noivos estava estampada no rosto. Para a imprensa, a noiva Cidônia Blume, confessou ter sido enganada pelo noivo (Ilse Scholles), mas mesmo assim, depois de 7 anos de namoro, ela decidiu casar. “Eu fui enganada pelo meu marido antes do casamento. Mas mesmo assim casei. Tivemos uma filha antes do casamento porque ele me mentiu. Ele disse que nem ia nascer filha. Mas foi uma mentira muito boa”, disse ela, aos risos. O padre era Alide Bender e o sacristão, Iria Bitsch. Ivone Kirst, fez o papel de pai do noivo e Maria Wiest, a mãe da noiva.
No casamento ainda marcou presença a babá Maria Ilse Klein, que cuidou da filha dos noivos.