Dar uma instrução a respeito da fé. Fazer escutar e repercutir a palavra de Deus.
Essa é a missão dos 84 catequistas que atuam na Comunidade Católica de Dois Irmãos.
Estamos no ano catequético nacional, cujo tema é “Catequese, Caminho para o Discipulado”.
O último domingo de agosto é dedicado aos catequistas, pessoas leigas da comunidade que se dedicam ao ensinamento da fé. São mães e pais de família, que muitas vezes deixam os afazeres domésticos e o convívio familiar para educar e instruir adolescentes e adultos.
São quatro anos de catequese. As crianças entram com 10 anos e frequentam as aulas durante dois anos, tempo de preparo para a Primeira Eucaristia, onde as crianças recebem pela primeira vez a hóstia sagrada, que representa o corpo e o sangue de Jesus Cristo sob forma de pão e vinho. Passada a Primeira Eucaristia, com 12 anos inicia-se o preparo para a Crisma. A Crisma, juntamente com o Batismo e a Eucaristia, são considerados “sacramentos da iniciação cristã”.
Este ano, em Dois Irmãos, a Crisma será nos dias 30 e 31 de outubro e a Primeira Eucaristia no mês de novembro. Atualmente, 857 crianças frequentam a catequese e, este ano, 263 farão Primeira Comunhão e 280 Crisma. A coordenação da catequese na Paróquia São Miguel é de Denise Schmitz Kuhn, João Gräwer Neto, Jacinta Wickert e padre Paulo Bervian. No próximo do-mingo, dia dos catequistas, o grupo terá uma janta comemorativa na Comunidade Católica.
Ela não era crismada e já dava cateques
A partir daquele momento, o pai dela colocou a família à disposição da Igreja. “Desde cedo comecei a participar da liturgia, fui influenciada pelos pais, pelo padre e pelas pessoas da comunidade a me envolver sempre mais. Eu adorava. A partir dos 11 anos, comecei a dar catequese, sendo monitorada pelos demais catequistas”, conta. Vicentina lembra até hoje de um fato que mudou sua vida: “Eu não tinha Bíblia, e num sorteio entre catequistas a Bíblia veio para mim. Aquilo me marcou, tanto que é com esta mesma Bíblia que dou catequese até hoje. É meu troféu”.
Vicentina veio do interior de Três Passos, e no início não se sentiu preparada para dar catequese em Dois Irmãos. “Em março de 2007 sofri um acidente e Deus me deu a oportunidade de levantar da cama. Eu senti que tinha que continuar na minha missão. Deus não castiga. É um pai que abençoa”, diz ela.
Hoje, Vicentina trabalha como merendeira na escola municipal Paulo Arandt, no São João, e em sextas-feiras, às 17h, dá catequese na capela do bairro. “As crianças fazem questionamentos, colocam desafios que chegam a emocionar. Mas elas levam a religião muito a sério”, garante a orgulhosa catequista.
“Sinto-me uma pessoa vitoriosa por ser catequista. Recompensa? A gente espera no amor de Deus”, conclui dona Vicentina.
Ser catequista é vocação
João Gräwer Neto tem 65 anos e é catequista há 17. Ele sempre atuou na Comunidade Católica, também como Ministro da Eucaristia, e considera a catequese uma vocação. Ele ensina adultos e crianças. “Na minha turma tem alunos adultos que ainda não foram batizados. Normalmente, vêm de outras cidades e estão muito interessados. Este ano, tenho uma turma de 9 adultos, que serão batizados, farão Primeira Comunhão e Crisma”, diz ele.
Segundo o catequista, os adultos mostram mais interesse que os adolescentes. “As crianças muitas vezes vão à catequese porque o pai mandou, e não estão focados. O adulto não. Ele realmente quer participar e nunca falta. É um trabalho muito agradável”, destaca. A catequese é ministrada uma vez por semana durante cerca de 1h30. Nas aulas, o material utilizado é a Bíblia, com o Antigo e o Novo Testamento. Os 10 Mandamentos de Deus, os 5 Mandamentos da Igreja, os 7 Sacramentos e a história da Igreja Católica estão entre os principais ensinamentos.
Os próprios catequistas também passam por trabalhos de atualiazação. “Os catequistas fazem diversos cursos, retiros, sempre temos uma formação atualizada. Não espero o dia da catequese para pensar o que vou passar, costumo me preparar durante a semana inteira para este momento, para que todos tirem o máximo de proveito”, diz ele.