Ela responde pela Comarca - que ainda abrange Morro Reuter e Santa Maria do Herval - até o dia 7. Depois, será transferida para a Comarca de Marcelino Ramos.
- A transferência foi decisão da Corregedoria. Recebi a notícia já em março, mas como meu desejo era permanecer em Dois Irmãos, recorri ao Conselho Nacional de Justiça. A decisão ainda não saiu e, portanto, existe uma possibilidade de retornar para Dois Irmãos - diz ela.
Com a transferência, a Comarca de Dois Irmãos ficará sem juiz titular. A juíza de Portão, Márcia Regina Frigeri, virá apenas uma vez por semana para despachar no Fórum.
- Como ainda não saiu a decisão do Conselho Nacional, por enquanto não haverá juiz titular. A minha preocupação, assim como a de todos, é de que a situação possa sair do controle. Faço audiências todos os dias e encaminho de 400 a 500 processos por semana, além de 40 a 50 sentenças por mês - comenta a magistrada que está deixando a cidade.
Angela atua como juíza há 13 anos e está em Dois Irmãos desde 2003. Antes, trabalhou nas comarcas de Dom Pedrito, Santo Antônio da Patrulha e Palmares do Sul.
Depois de quase seis anos em Dois Irmãos, a juíza Angela elogia a comunidade dois-irmonense e garante que deixará a cidade levando boas lembranças.
- Em nenhuma outra comarca que trabalhei me senti tão bem exercendo o cargo como aqui. A comunidade se porta de forma ordeira, adequada e respeitando as autoridades. Nunca precisei mandar prender ninguém por desobediência, como ocorreu em outros lugares. Também temos um grupo de advogados competente e que colabora - elogia a juíza.
- Quando assumi a Comarca de Dois Irmãos, minha intenção era ficar muitos anos nela, e para me manter imparcial, me mantive afastada do convívio social. Hoje, vejo que deixei de fazer amigos e de ter tido contato com pessoas que me identifico. Mesmo assim, fiquei surpresa com o apoio que recebi de políticos, entidades e das pessoas. Talvez, isso seja resultado da minha imparcialidade - acredita ela.
GRANDES MUDANÇAS
A juíza fala, orgulhosa, das mudanças conquistadas pelo Poder Judiciário nos últimos anos.
Uma delas foi criar uma nova cultura de comunidade, tornando cada um responsável por seu destino.
- No início de cada processo, tento primeiro o acordo, decisão que vem aumentando ano a ano pelas partes. Não quero que a juíza seja aquela luz que vai vir e decidir o futuro de cada pessoa. Eu entrego o destino das pessoas para elas. Elas devem decidir o que é melhor. Acredito no acordo - diz a doutora Angela, destacando ainda a mudança no perfil de atendimento no Fórum dois-irmonense.
- Anos atrás as pessoas eram rechaçadas no atendimento, era como se estivessem fazendo um favor para a comunidade. Hoje, temos um bom atendimento no balcão e os outros funcionários também seguem isso. Eu prezo pela gentileza – garante a doutora Angela.
A juíza lembra que o próprio ambiente de trabalho teve mudanças na estrutura, com reforma e pintura.
- Outra grande conquista, independente se eu estiver aqui ou não, será a construção do novo Fórum. Semana passada ainda fui no Tribunal de Justiça e a licitação está em andamento. A construção está garantida - comemora ela, feliz pelo trabalho que desempenhou até aqui.