quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Praças pedem socorro

Vandalismo e falta de manutenção deixam as pracinhas da cidade em situação precária, prejudicando a diversão da garotada e dando dor de cabeça aos pais



O clima de verão está aí e a busca por áreas de lazer cresce de forma vertiginosa. Em fins de semana, famílias inteiras levam cuia e chimarrão em busca de um lugar com sombra para descanso e diversão da garotada. Praças são os lugares preferidos, mas as condições de uso de muitas delas não são as melhores. O Jornal Dois Irmãos recebeu nos últimos dias inúmeras reclamações de moradores sobre o descaso com as praças da cidade.
São bancos quebrados, lixeiras destruídas, escorregadores danificados e ferros visíveis que oferecem perigo para a brincadeira das crianças. Há praças em praticamente todos os bairros e no Centro, mas as mães não conseguem ficar tranqüilas enquanto os filhos brincam. “Os brinquedos estão mal cuidados. A gente precisa primeiro ver se ele está inteiro, para então deixar a criança brincar. Os balanços estão quebrados, os escorregadores podem machucar porque tem madeira quebrada e pedaços de ferro abertos oferecendo perigo”, comenta Liria da Silva, que cuida da pequena Manuela, 3 anos. “Eu não deixo ela subir nestes ferros, porque é visto que ela vai se machucar. Além de a gente ter o cuidado para elas não caírem, tem que ficar de olho para não subir em nenhum brinquedo quebrado”, acrescenta ela, que levou a criança para brincar na Praça do Imigrante na manhã desta terça-feira.
Mães também chamam a atenção para os balanços de bebês que estão estragados. Simone Bender tem um filho de 1 ano e 9 meses e diz que “nenhuma praça” tem balanço para bebê em condições de uso; todos estão danificados. “A criança vai por curiosidade e acaba se machucando. Muitos brinquedos são só mais sucata, foram danificando com o tempo. Há escorregadores com a ponta de madeira quebrada, onde não é feita a manutenção. A gente não fica tranqüila”, diz ela, preocupada.
Para Irena Julien, que esta manhã levou o netinho Bernardo até a Praça do Imigrante, os pais têm que ficar atentos. “Aqui pelo menos tem sombra e os brinquedos não ficam ao relento. Mas eles precisam ser cuidados, e todos têm que ajudar, fazer sua parte para conservá-los”, afirma Irena.
Nas pracinhas dos bairros Primavera, Vale Verde e Bela Vista, as condições de uso são um pouco melhores. A praça do Fórum, por exemplo, tem sombra, mas as opções em brinquedos são poucas. No Vale Verde, foram plantadas várias árvores, mas que ainda não formam sombra.
No bairro Bela Vista, os brinquedos estão bem conservados, mas há bancos quebrados. Na pracinha do Floresta, também não tem sombra e a casinha está com o telhado quebrado e balanço de bebê estragado.
Na Picada 48, área com sombra também não existe, e embaixo das gangorras há várias telhas quebradas, que oferecem perigo às crianças, sem contar os balanços estragados.



Situação das pracinhas é pior
na Vila Becker e no São João

Na Vila Becker, a praça em frente à Capela Nossa Senhora dos Navegantes parece abandonada. O inço tomou conta, as lixeiras estão destruídas e os brinquedos danificados. As casinhas não têm telhado e corda de proteção, as gangorras estão quebradas, com os pregos à mostra.
No São João, a pracinha é um dos lugares onde a garotada mais se diverte. Em fins de semana, está sempre lotada, e durante a semana a escola municipal Paulo Arandt aproveita as opções em brinquedos como atividade diferenciada para os pequenos. Na manhã de hoje, por exemplo, as turmas da Educação Infantil e do 1º ano tiveram “a hora do brinquedo” na praça. A professora Sheila Wingert Schuck ficou atenta à movimentação das crianças. “Tem muita coisa solta, pedras no chão, as lixeiras estão estragadas e o banheiro está sempre fechado durante a semana. As turmas já vieram aqui, fizeram um mutirão do lixo, mas não adiantou. Tudo voltou como era antes”, comenta ela. “Uma sugestão seria colocar areia para as crianças brincarem, pois aqui só tem brita”.
O perigo é constante, pois a garotada brinca em gangorras com pregos à mostra, desce escorregadores e escadas quebradas. Vários balanços também estão quebrados e foram erguidos para ficarem fora de alcance.


O QUE DIZ A PREFEITURA
O secretário municipal de Serviços Urbanos, Marco Antônio da Silva, o popular Marcão, explica que antes, quando um brinquedo estragava, era feito o conserto só deste, mas não se resolvia o problema, porque logo outro danificava. “Agora estamos dando uma geral praça por praça. Já começamos no Bela Vista e fizemos a manutenção no Travessão. Os brinquedos são consertados e pintados, e onde exige troca, ela é feita. Assim pretendemos fazer em toda cidade e acredito que até o fim do ano nossas praças terão um novo visual”, diz o secretário. Ele alerta, porém, para a questão dos vândalos. “Praça é para crianças, não para adultos. Não tem corrente que agüente um adulto, não tem tábua que não quebre se um adulto usar. Pedimos a cooperação da comunidade. Todos têm de ajudar a cuidar”, comenta Marcão. Quanto à fala de sombra nas pracinhas, o secretário de Serviços Urbanos destaca que já foram adquiridas mudas de árvores para plantar, citando o exemplo da praça do Loteamento Picada 48, que receberá sombra e deve ser reformulada.

15 anos da Usina de Reciclagem


A Usina de Reciclagem de Dois Irmãos completou nesta segunda, dia 2, 15 anos de fundação.
A equipe da Associação dos Recicladores comemora a data, mas também alerta a comunidade para a queda na separação do lixo. Trabalhando há 14 anos na usina, Irineu Engelhof lembra que a taxa de separação já chegou a 90%. “Hoje alcançamos somente 60% de separação. Falta conscientização, tanto das famílias quanto das escolas. Aqui, temos 40 tipos de separação diferentes para fazer, e em casa, comércio e escola as pessoas precisam apenas fazer duas”, diz ele.
Dois Irmãos produz 400 toneladas de lixo por mês. “Em média cada morador produz 500g por dia”, comenta Irineu. Quando a Usina de Reciclagem foi fundada, trabalhavam no local apenas sete pessoas. Uma delas é o serviços gerais Osvaldo Arnemann, de 63 anos, morador de Novo Hamburgo. “No começo era tudo diferente. O trabalho era braçal, não tínhamos nada de maquinário. Ao longo dos anos conseguimos as máquinas, algumas doadas pela prefeitura, outras compradas por nós. Na época, para conseguirmos uma carga de papelão demorava um mês, hoje são apenas alguns dias”, recorda ele. “E hoje prensamos os materiais, moemos, lavamos, secamos e aglutinamos, entre outros processos. Para tudo, temos maquinário. Um dos problemas que estamos começando a enfrentar, é a falta de espaço. Na esteira, por exemplo, o pessoal está trabalhando no limite. Precisamos ampliar o espaço”, completa Irineu.
Um dos principais problemas enfrentados pelos recicladores nos primeiros anos de funcionamento da usina foi o preconceito. Para muitos, a profissão não era digna e os funcionários passavam por situações constrangedoras. Por isso, para Jacó Herrmann, a maior conquista nestes 15 anos foi o respeito da comunidade. “O preconceito era tanto que todos que trabalhavam aqui vinham de fora. Este é um trabalho humano como qualquer outro. E o fato da comunidade ter entendido e estar respeitando isso, foi a nossa maior conquista”, comenta o reciclador.
A Associação dos Recicladores de Dois Irmãos atualmente é formada pelas seguintes pessoas: Osvaldo Arnemann, Irineu Engelhof, Justino Finger, Francisco Spies, Marino Macedo, Eloe Spies, Marisete Eberhardt, Luciano Engelhof, Jacó Herrmann, Marlice Lampert, José Finger, Sandra Mallmann, Fábio Bamberg, Ernani Auth, Claudiomir Wegner, Elisabete Martins, Delci Simch, Roberto Silveira, Tiago Bonini, Élson Feiten e Paulo Correia dos Santos.