quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DRAMA SEM FIM

Moradores trancam parte da VRS 873 com arame farpado, pedras e galhos


Ninguém aguenta mais!
Primeiro, os donos de restaurantes fizeram uma operação tapa-buraco por conta própria. Depois, a prefeitura colocou a patrola na estrada para amenizar a buraqueira. Mas a chuva que não parou na última semana deixou a situação ainda pior e foi a gota d’água para os moradores, que decidiram trancar uma parte da estrada. Até o famoso João Buracão apareceu como forma de protesto contra o governo estadual.
O drama da conclusão do asfalto é antigo. Do trecho de pouco mais de um quilômetro que falta, apenas 500 metros receberam capa asfáltica. A empresa Dobil, responsável pela obra, recolheu máquinas e operários por falta de pagamento. Com a ação do tempo, a estrada encheu de buracos e o risco de deslizamentos de terra é constante. Nesta terça-feira, o prefeito de Morro Reuter, Adair Bohn, e o chefe do gabinete, Patrício Stoffel, estiveram no local. Indignado, Adair diz que a prefeitura está “impotente”. “Não querem que a gente mexa, mas não tomam providência”, comentou o prefeito.
A dona de casa Marlise Kaefer, 31 anos, é o retrato da revolta dos moradores. Ela conta que se mudou de Padre Eterno Ilges há pouco mais de dois meses. “Como me arrependo! Nesse tempo, a água da chuva já invadiu minha casa duas vezes. Tive que tirar os móveis do lugar, e mesmo assim eles estão apodrecendo”, reclamou. Segundo ela, toda vez que chove os moradores têm que abrir a rua para a água não invadir as casas. “Está todo mundo revoltado. Não vamos abrir a rua enquanto as máquinas não estiverem trabalhando. É uma palhaçada! Será que teremos que nos mudar daqui?”.
O prefeito sugeriu que os moradores procurem a Promotoria Pública em Dois Irmãos. “Não temos como obrigar o Estado a fazer”, disse Adair, que já havia alertado o Daer sobre o risco de deslizamentos em 2007. O engenheiro Renato Muller, da Dobil, diz que precisa haver um acerto entre a empresa e o Daer. “Começou a chover e as máquinas foram recolhidas. Ainda não temos uma posição do Daer”, afirmou ele.
Com o trecho interrompido, o trânsito tem de ser desviado a partir da entrada do Restaurante Paradouro.
Para melhorar o acesso, a prefeitura colocou uma máquina para trabalhar no local na manhã desta terça-feira.

Piquetes mantêm a tradição

“A Semana Farroupilha é como se fosse o aniversário do gaúcho. É também quando o pessoal, que trabalha e não pode viver o tradicionalismo todos os dias, se reúne no galpão montado em um lugar acessível para contar lorotas e manter viva a tradição do Rio Grande”



Com essas palavras o tradicionalista Jaimir Martins da Cruz, do Piquete Recanto Missioneiro, resume o que significa a tradição da Semana Farroupilha, que segue até domingo.
Desde o último domingo, os piquetes estão com seus galpões improvisados em alguns pontos da cidade. Nestes locais, os gaudérios vestem a indumentária típica e celebram a paixão pelo Rio Grande. A maior parte da comunidade vivencia a tradição apenas na Semana Farroupilha, mas os integrantes dos piquetes mantêm vivo o amor ao tradicionalismo durante o ano todo. É o caso do Piquete Morada Gaudéria, que tem como lema “Ao redor do fogo de chão, a cuia de mão em mão, cultivando a tradição”. Seus integrantes, por exemplo, costumam andar a cavalo nos finais de semana. Fabiano Boufleur, um dos mais antigos da turma, se orgulha de ser gaúcho: “A gente vive a tradição todos os dias, cuidando dos cavalos, limpando as cocheiras, tomando chimarrão e participando de rodeios e cavalgadas”. Para Sérgio Feiten, do Piquete Herança do Pampa, fundado em 2008, ser gaúcho é uma escolha de vida. “Todos que estão com nós já trazem essa paixão na bagagem. Alguns têm carro e moto, nós temos o cavalo. Este é nosso estilo de vida”, comenta ele.
A tradição também é mantida na culinária. Não pode faltar churrasco, carreteiro, costelão, charque e entrevero na mesa do gaúcho que se preza. Por isso, quem quiser almoçar ou jantar nos piquetes, será muito bem recebido. Os preços variam em cada local. Os piquetes Recanto Missioneiro e Herança do Pampa ficam próximos a ACTG Portal da Serra, e o Morada Gaudéria está localizado na AECB União.







PIQUETE DO ZÉ
No Vila Rosa, é o Piquete do Zé que terá programação especial neste fim de semana. Na sexta-feira, a partir das 18h, haverá janta e bebida liberada por 30 reais. No sábado, as atividades iniciam às 8h e seguem até o final do dia, com café, almoço, janta e bebida liberada (água, refrigerante e cerveja) ao longo do dia. No sábado, eles pagam 60 reais e elas 30 reais.O Piquete do Zé foi fundado em 2007, com apenas dez integrantes. Em 2008, uma estrutura de lona com 60 pessoas comemorou a Semana Farroupilha. Neste ano, os integrantes construíram seu próprio galpão, com churrasqueiras, fogo de chão, fogão campeiro e forno. Atualmente, o Piquete do Zé conta com sete patrões que se dividem entre as tarefas: José Carlos Scholles Neto, Alecsandro Staudt, Maico Goethel, Pablo Sander de Oliveira, André Broilo, Alexander Cristel Becker e Ramon Arnold.Quem quiser saber um pouco mais sobre o Piquete do Zé pode acessar a página na internet (http://sites.google.com/site/piquetedoze/). As reservas para os encontros de sexta-feira e sábado podem ser feitas através dos telefones 9330-0143 (José Carlos Scholles Neto) ou 9731-3880 (Ramon Arnold). O Piquete do Zé fica na rua Beco do Moinho, 300, no Vila Rosa.


Câmara cobra maior rigor na fiscalização dos ambulantes

Comerciantes locais reclamam que não sabem a quem se dirigir para denunciar

A Câmara de Vereadores promoveu nesta segunda um debate sobre vendedores ambulantes em Dois Irmãos. O encontro contou com a participação do secretário municipal de Indústria, Comércio, Agricultura e Turismo, Sérgio Fritzen; do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Adair Heilmann, além de comerciantes da cidade.
A discussão ganhou força depois da apreensão de uma carga de carne de frango estragada, dia 15 de agosto. O secretário Sérgio Fritzen disse que a prefeitura está disposta a debater alternativas de combate aos ambulantes, mas admitiu dificuldades na fiscalização. Para o presidente da CDL, muitas vezes os comerciantes veem ambulantes em ação na cidade, mas não sabem a quem se dirigir.
- Temos que marcar reuniões com a prefeitura para ver o que pode ser feito neste sentido - comentou Adair.
Os vereadores cobram maior fiscalização da prefeitura.
- Já vi cidade com placa na entrada dizendo que é proibida a ação de ambulantes. Se for preciso ter mais gente para fiscalizar, não vejo problema. Temos que agendar um encontro para pensar num projeto a respeito dos vendedores ambulantes - disse o presidente Sérgio Fink (PSDB).
Para o líder de governo Jair Quilin (PDT), a prefeitura deve “divulgar melhor” os números para denúncia:
- Já existe uma Lei para isso, o que falta talvez é aumentar a fiscalização. A comunidade também tem que deixar de comprar mais barato para depois ficar doente. Vamos nos unir e criar um disque-denúncia – afirmou ele.
Segundo Tânia da Silva (PMDB), a prefeitura precisa ter um plantão à noite e em finais de semana.
- E também temos que conscientizar a população, pois se tem ambulante, tem gente comprando - disse ela.
O produtor de leite Amadeu Rossa reclamou da venda clandestina feita por pessoas da própria cidade.
- Isso é injusto! Se a Lei é municipal, tem que ser cumprida de divisa a divisa. A prefeitura e a vigilância sanitária sabem quem são – declarou ele.
Uma reunião deve ser marcada nos próximos dias para discutir alternativas de coibir os ambulantes.

FALTA DE ÁGUA
O drama da falta de água que atingiu a cidade no fim de semana provocou polêmica na Câmara. A situação fez duras críticas à unidade da Corsan no município.
- Pelo que deu pra sentir, foi desinteresse do gerente da Corsan. Parece que ele não estava muito preocupado em resolver o problema - afirmou Antônio Renz (PDT).
O líder de governo Jair Quilin (PDT) foi ainda mais incisivo:
- Nem na seca faltou tanta água como agora. Acho que esse novo gerente talvez não tenha experiência. Quando era o Dante (Maieron), não faltava água. Não sei onde, mas alguém falhou, e falhou feio. Parece que faltou muita capacidade para esse gerente - disparou ele, tirando a prefeitura da reta e passando a bola para o presidente Sérgio: - Espero que tu, como braço direito da governadora, resolva esse problema, que não é responsabilidade da administração.
O presidente reconheceu a responsabilidade da Corsan neste caso, mas rebateu o vereador quanto a ausência de responsabilidade da prefeitura.
- Ao invés de só ficar criticando, eu fiz diferente e tomei uma atitude. Já marquei audiência com o presidente da Corsan para resolver de uma vez a questão da nova captação. Além disso, penso que a responsabilidade é de todos. Eu lembro que tempos atrás, quando foram abastecidas as piscinas, a prefeitura agiu com muita eficiência - cutucou Sérgio.
O gerente da Corsan, Márcio Contti, será chamado para dar esclarecimentos sobre o problema da falta de água na próxima sessão, dia 21. Nesta quarta, Sérgio terá reunião com a presidência da Corsan para tratar da conclusão da nova captação. A obra, segundo o vereador, está quase pronta, faltando a parte elétrica e a instalação das bombas.
- O que aconteceu foi lamentável, mas devemos ter bom senso para não jogar pedra em alguém sem saber realmente o que aconteceu. Esperamos que o gerente da Corsan consiga trazer explicações - concluiu o presidente.
Paulinho Quadri (PMDB) também evitou crucificar o gerente:
- O gerente não fez nada errado; ele não sabia o que ia acontecer. Espero que isso tenha servido de lição para ele.

PLANO DE BACIA
O Departamento Municipal de Meio Ambiente apresentou ontem à noite, na Câmara, o Plano de Bacia do Caí. Dois Irmãos, ao contrário do que a maioria pensa, integra a bacia hidrográfica do Rio Caí, e não do Rio dos Sinos. Uma cópia do documento foi entregue ao presidente da Câmara, Sérgio Fink, e ao prefeito Miguel Schwengber. A explanação do plano foi feita pela bióloga Hariet Arandt.
Segundo Fábio Couto, chefe do Departamento de Meio Ambiente, em termos de qualidade, a água pode ser classificada de 1 a 4. No trecho em que Dois Irmãos está inserido, a qualidade da água é 4. Conforme o Plano de Bacia, a meta estipulada para o município é chegar a qualidade 2 (de balneabilidade) nos próximos 15 anos, com investimentos em tratamento de esgoto na ordem de 30 milhões. Hoje, cerca 7% do esgoto é tratado no município.