segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Padre Romeo Schorr retorna à Diocese de Novo Hamburgo

Ele assumiu no sábado a Paróquia Sagrada
Família, no Rincão, em Novo Hamburgo


Depois de um período de dois anos na Paróquia São Judas Tadeu, em Bagé, o padre Romeo Schorr está curtindo férias em Dois Irmãos. No último domingo, ele celebrou seu Jubileu de Prata Sacerdotal, na Igreja Matriz de São Miguel, e no sábado, dia 23, assumiu a Paróquia Sagrada Família, no Rincão, em Novo Hamburgo.
Antes da sua atuação em Bagé, Romeo foi o pároco da Igreja Católica em Dois Irmãos durante seis anos, e agora retorna à Diocese de Novo Hamburgo, trazendo na bagagem uma experiência que considera “muito gratificante”. Há dois anos, o padre Romeo foi transferido de Dois Irmãos por solicitação do Bispo Dom Gílio Felício, de Bagé, e com a autorização de Dom Zeno Hastenteufel, da Diocese de Novo Hamburgo.
- Precisavam um padre da Diocese para dois setores: primeiro para a administração da Mitra, onde estavam em processo de implantação do sistema de informatização, e eu já tinha experiência neste setor. E segundo, necessitavam de pároco para a paróquia São Judas Tadeu - comenta Romeo a respeito da sua transferência.
Na cidade Bagé, que fica distante 434 quilômetros de Dois Irmãos, ele conheceu uma realidade diferente da que existe na Diocese de Novo Hamburgo.
- Existem muitas carências por lá, como a falta de recursos, que estão concentrados nas mãos de arrozeiros e pecuaristas. A distância de uma paróquia a outra e a falta de padres também são dificuldades - comenta ele.
A Diocese de Bagé - sete vezes maior que a Diocese de Novo Hamburgo - é formada por 16 paróquias em 12 municípios. Dois municípios têm mais de uma paróquia: Bagé com seis e Santana do Livramento com três. Das seis paróquias de Bagé, a São Judas Tadeu, por exemplo, tem 10 comunidades. Outro dado bem curioso é o número de comunidades da Paróquia São Gabriel, que tem 60 para apenas dois padres.
Padre Romeo destaca que, por ser uma região fronteiriça, “o povo não tem costumes fortes”.
- Eles não participam regularmente na comunidade, mas valorizam muito os sacramentos, principalmente o Batismo. Eles batizam as crianças em casa e vêm pedir água benta ao padre. Alguns até pedem ‘como se batiza’. Mas eles não permitem a presença do padre em casa, pois aí o batismo seria oficial. É um costume regional. Nunca se soube a explicação para isso. Mas conta-se que, por ser uma região militar, as mulheres cuidavam das crianças enquanto os homens estavam na guerra - comenta ele. - Entendo o batismo em casa como acolhimento da criança na família, e eles o fazem na primeira semana de vida do bebê - completa o padre, lembrando que o batismo na igreja é feito mais tarde.

Tragédia na Picada Verão

Homem de 70 anos morreu esmagado por
trator na última sexta-feira em Dois Irmãos



Na manhã de sexta-feira, por volta das 8h30, um trágico acidente foi registrado na localidade de Picada Verão, em Dois Irmãos. Alziro Roque Henkes, 70 anos, faleceu depois de tombar com seu trator Agralle carregado de toras de madeira na descida da Usina de Reciclagem.
Alziro carregou o carretão puxado pelo trator perto da usina e pretendia levar as toras de madeira para queimar na chácara da família, a 500 metros do local, na divisa com Sapiranga. Ele estava acompanhado de Lidenor da Silva, 65 anos, quando aconteceu o acidente.
- Nós carregamos a madeira e estávamos descendo quando o trator desgovernou. Ele ‘dançou’ de um lado para o outro, não segurava mais. Ainda falei pra ele ‘vamos saltar que vai virar’, e pulei fora, rolando morro abaixo pelo matinho. Eu tive sorte. Achei que ele também tinha pulado, pois levantei e fui ver onde ele tinha caído. Nunca imaginei que ele estava aí embaixo. Quando vi não queria acreditar. Ele ainda gemeu uma vez e faleceu. Isso não podia ter acontecido com ele... - lamentou Lidenor, que ultimamente ajudava seu Alziro no serviço.
Na descida asfaltada ficaram as marcas dos pneus do trator. Alziro ainda tentou frear antes de tombar. Ele caiu junto com o trator e o carretão, e foi esmagado pelo veículo, falecendo na hora. Lidenor pediu socorro aos funcionários da usina, que imediatamente acionaram a ambulância do Postão, o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar, que se deslocaram ao local. Mas nada mais podia ser feito.

O lamento do filho:
“Ontem ainda falei pra
ele não carregar isso”
Wilson Henkes, um dos sete filhos de seu Alziro, foi o primeiro da família a chegar ao local do acidente. A cena foi comovente.
Ao ver o pai já sem vida embaixo do trator, ele se desesperou. Aos gritos, lamentava o que tinha acontecido. “Eu disse pra ti não carregar essas coisas... De que adianta isso, o que tu tem agora? Hein pai, porque tu não me ouviu?”, lamentava ele, abaixado próximo ao corpo do seu pai.
Caminhando de um lado para o outro, por telefone Wilson tentava dar a notícia aos demais familiares. “Faz sete meses que eu trouxe meus pais para morarem comigo. Eu queria que eles tivessem uma vida melhor, mais saudável. Ele buscava pasto com o trator, tratava o bicharedo, gostava de fazer isso. Mas daí carregar essa madeira pesada nesse tratorzinho, é claro que não ia aguentar. Tem tanta lenha, madeira boa na chácara, por que pegar essas porcarias?”, disse Wilson, muito inconformado.
Ele falou a última vez com seu pai ontem à noite, quando ainda pediu para que ele não carregasse mais madeira. Hoje pela manhã, porém, seu Alziro saiu com o trator enquanto o filho estava no banho. “A mãe está viajando, como vou contar para ela?”.
Na Usina de Reciclagem, todos conheciam seu Alziro. A vida do aposentado era na roça. Desde que se mudou da Picada 48 para a Picada Verão, era visto diariamente cortando pasto ou pegando lenha e outros produtos junto à usina para tratar os bichos da chácara. O local foi isolado pela Brigada Militar e a perícia foi solicitada.
O enterro foi realizado no sábado, às 9h, no Cemitério Católico II.