terça-feira, 20 de outubro de 2009

Feira do Livro com alma tradicionalista

XVII Feira do Livro de Morro Reuter encerrou com Galpão Crioulo, Tchê Chaleira e público de mais de 20 mil pessoas



No próximo domingo, dia 25, Morro Reuter vai acordar mais cedo. O motivo é assistir pela RBS TV ao Galpão Crioulo, logo após o Campo & Lavoura. A pequena cidade de 7 mil habitantes vai se tornar conhecida pelo Rio Grande. O programa foi gravado na manhã deste domingo na praça central da cidade. A gravação fez parte da programação da XVII Feira do Livro do município, que iniciou na última quarta-feira e encerrou no domingo com sucesso de público e de vendas. “Mais de 20 mil pessoas passaram pela feira. O evento foi positivo em todos os sentidos”, diz a secretária municipal de Educação, Cristiane Hinterholz.
A gravação do programa iniciou às 10h30 e encerrou por volta das 13h. O CTG Garrão da Serra abrilhantou ainda mais o evento com suas belas danças. Na plateia, o prefeito Adair Bohn estava vestido a caráter e volta e meia seu filho Xirú soltava o grito de “sapucai” para animar a festança. Junto a eles, o vice-prefeito Harri Becker, a Rainha de Morro Reuter e suas Princesas, o Rei e a Rainha do Kerb e famílias inteiras, com a cuia de chimarrão passando de mão em mão, aplaudiam de pé Os Fagundes.
Nico Fagundes lembrou que a cidade estava em festa e de luto. “Lamentamos a tragédia que tirou a vida de dois jovens dessa cidade”, disse ele, emocionando a plateia. Na primeira fileira, uma das vítimas, Airton “Stibi” Krewer, que integra o CTG, era o mais emocionado.
Rui Biriva prestou uma homenagem ao povo loiro, cantando “Alemoa”, sucesso do novo CD “Pedindo Cancha”, e volta e meia Nico arriscava algumas frases em alemão para delírio do público. Com o patrono Eric Chartiot, os Fagundes aprenderam alguns truques de mágica, que poderão ser revistos na exibição do programa no próximo domingo, às 6h30. No palco, o melhor do nativismo ainda teve Joca Martins e Grupo e Os Fagundes, com Nico, os irmãos Neto, Ernesto e Paulinho, e Bagre Fagundes, que foi homenageado com a canção “De Filho para Pai”, encerrando a gravação.





7 mil pessoas só domingo
Durante os cinco dias da festa cultural, passaram por Morro Reuter escritores, contadores de histórias, músicos como Gabriel, O Pensador, críticos, crianças e adultos amantes da leitura. “Viemos conferir o melhor da feira. Está maravilhoso”, afirmou a professora de Matemática Rosa Denise Backes, de Santa Maria do Herval, que prestigiou o evento ao lado do marido Jorge e dos filhos Eduardo e Junior. “Ontem (domingo) tivemos um público de 7 mil pessoas conferindo a gastronomia e prestigiando os shows. Conseguimos atingir nosso propósito, que era resgatar a verdadeira alma da feira, voltada para a comunidade”, conclui a secretária Cristiane.

Carro estava com seis passageiros na tragédia do Morro

Luciano Petry, que não aparece no registro de ocorrência, também estava no Omega e conta como tudo aconteceu


O Jornal Dois Irmãos foi procurado no fim de semana por familiares das vítimas do acidente ocorrido na última quinta-feira. O motivo era o comentário que circulava na cidade de que haveria um sexto ocupante no Omega que bateu em uma árvore e capotou, matando duas pessoas. “Nós queremos apenas a verdade. Saber o que realmente aconteceu”, diz José Honig, irmão de Ademir, que morreu na hora. “Era umas 19h quando começaram a ligar perguntando do meu irmão. Nunca pensei que ele pudesse estar junto, ele não era da turma. Quando cheguei ao local do acidente, apenas vi a mão dele para fora, o corpo estava tapado. Não tive dúvidas: era ele”, relembra José. “É difícil acreditar, entender o que houve”, lamenta ele.
Na reportagem de sexta-feira, a informação oficial era de que havia cinco pessoas no Omega dirigido por Fabio Luiz Oberherr. No sábado, porém, descobriu-se que o pedreiro Luciano Petry, 23 anos, também estava no veículo. O problema é que seu nome não aparece no registro de ocorrência oficial da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Bastante abatido e lamentando a morte dos amigos, ele recebeu duas jornalistas e o irmão de Ademir, e contou como aconteceu o acidente.
- Na quinta-feira não tinha serviço por causa da chuva. Então, combinamos de fazer um peixe de noite na lavagem (de Airton Krewer e Mauri Hertz). Ao meio-dia a turma já tinha dado uma volta em Dois Irmãos, sem eu ir junto. Aí deram carona para o Ademir, que veio a Morro Reuter, e lá pelas 14h45 resolvemos dar uma banda em Novo Hamburgo e o Ademir foi junto também - relata Luciano, afirmando que Ademir já estava com eles e que, ao contrário do que se imaginava, não pegou carona apenas pouco antes do acidente.
- Fomos em seis e todos beberam cerveja. Bebemos no caminho, paramos no posto e a última parada foi na Tenda da Figueira, lá pelas 17h30, onde pegamos mais cervejas. É verdade que o Fábio estava se prevalecendo na direção e várias vezes o “Stibi” (Airton) pediu para dirigir, e ele não deixou, dizia que “era motorista”. Ele correu bastante, ultrapassamos vários carros e um caminhão poucos metros antes de bater. Ele achou que ia fazer aquela curva e não fez. Todos estavam sem cinto de segurança e ele estava dirigindo a uns 110 km/h. Foi muito rápido, quando vi que iríamos bater, me segurei com todas as minhas forças. O carro bateu e virou. O Mauri, o Ademir e o Airton, que estavam sentados do lado direito, voaram para fora. Assim que consegui sair, fui ver meus amigos. O Ademir estava a uns 10 metros do carro e morreu na hora. O Cristiano estava deitado na valeta, se afogando com a água da chuva. Fui ajudar ele e corri de volta para ver o Mauri, que estava bastante ferido e sangrando muito. A ambulância demorou uns 10 minutos, mas parecia uma eternidade. Estávamos desesperados. Não sei quem deu a ocorrência para a PRF que meu nome não apareceu. Naquela hora só pensei em ajudar meus amigos e fui na ambulância com o Mauri - diz Luciano.
Na sexta-feira, a redação do JDI tentou conversar com o motorista, que estava em observação no posto de saúde de Morro Reuter, mas ele não quis falar.

Uma das vítimas continua
internada em estado grave

Faleceram no acidente Ademir Honig, 39 anos, e Mauri Hertz, 28. O motorista Fabio Luiz Oberherr, 29, teve ferimentos leves e Luciano Petry, 23, escapou ileso. Airton Krewer, 36, também ficou ferido, mas já recebeu alta do hospital.
O caso mais delicado é de Cristiano Dilly, 32 anos, que continua internado em estado grave no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. “Quando eu vi ele na sexta-feira, entrei em desespero. Não reconhecia, não parecia ser meu filho”, conta a mãe Terezinha Dilly, que ficou assustada com os ferimentos.
Cristiano segue internado em coma induzido à espera de um leito na UTI. “Ele está em observação. Não tem leito na UTI. Está muito machucado e estamos rezando por sua recuperação. Meu marido foi ver ele ontem e disse que ele até reagiu um pouco ao ouvir a voz do pai, mas o estado é grave. Temos fé que ele vai voltar. Deus está conosco e meu filho vai ficar bom”, acredita Terezinha.



Líderes comunitários recebem homenagens no bairro Travessão


Em 23 de julho de 2004, o Travessão perdeu um dos seus maiores líderes comunitários. Cerillo Führ, então com 39 anos, morreu em um acidente de trânsito. Neste domingo, cinco anos depois, a praça do bairro recebeu seu nome como forma de retribuir suas ações pela comunidade. Além dele, foram homenageados os 11 fundadores da Associação de Moradores do Travessão, que completou este ano seu 20º aniversário.
O bairro viveu um dia histórico e emocionante, com o reconhecimento público de um grupo de pessoas que sempre trabalhou pela comunidade de forma voluntária. A Festa da Integração iniciou logo cedo, às 7h, com carreata e foguetório. Em seguida, os moradores participaram do culto ecumênico celebrado pelas comunidades Católica, Evangélica e Luterana. Após a celebração, iniciaram as homenagens aos fundadores, com uma placa anexada ao prédio da associação, e o descerramento da placa da praça Cerillo Führ, que foi acompanhada pela viúva Liçani e os filhos Aline e Gustavo.
Marcos Lauxen, um dos fundadores e atual presidente da associação, destacou o grande trabalho feito pelas diretorias anteriores e também por todos os moradores que de alguma forma ajudaram em mutirões e outras ações realizadas ao longo dos últimos 20 anos. “Agradecemos aos presidentes que deram tudo de si para termos hoje esse patrimônio, assim como as diretorias. Também agradeço as administrações anteriores e a todos os moradores que sempre nos ajudaram. A história da associação é de muita luta. É um orgulho depois de 20 anos ter o trabalho reconhecido”, disse ele.
O prefeito Miguel Schwengber, que mora no Travessão, elogiou a atuação voluntária. “Não é porque moro aqui, mas como prefeito digo que este é o bairro mais organizado de Dois Irmãos. Tenho orgulho de estar nesta inauguração da Praça Cerillo Führ. Aprendi a palavra solidariedade no dia que participei de um mutirão nesta praça, isso em 1992. Muito aqui é do Cerillo, ele é presença constante”, declarou Miguel.
Depois do descerramento da placa, a banda marcial da escola municipal Albano Hansen e os pequenos da escola de educação infantil Jardim da Alegria fizeram belas apresentações. A Festa da Integração seguiu com um almoço para cerca de 500 pessoas. Na parte da tarde houve reunião dançante com animação do conjunto Os Fenomenais.