terça-feira, 20 de outubro de 2009

Carro estava com seis passageiros na tragédia do Morro

Luciano Petry, que não aparece no registro de ocorrência, também estava no Omega e conta como tudo aconteceu


O Jornal Dois Irmãos foi procurado no fim de semana por familiares das vítimas do acidente ocorrido na última quinta-feira. O motivo era o comentário que circulava na cidade de que haveria um sexto ocupante no Omega que bateu em uma árvore e capotou, matando duas pessoas. “Nós queremos apenas a verdade. Saber o que realmente aconteceu”, diz José Honig, irmão de Ademir, que morreu na hora. “Era umas 19h quando começaram a ligar perguntando do meu irmão. Nunca pensei que ele pudesse estar junto, ele não era da turma. Quando cheguei ao local do acidente, apenas vi a mão dele para fora, o corpo estava tapado. Não tive dúvidas: era ele”, relembra José. “É difícil acreditar, entender o que houve”, lamenta ele.
Na reportagem de sexta-feira, a informação oficial era de que havia cinco pessoas no Omega dirigido por Fabio Luiz Oberherr. No sábado, porém, descobriu-se que o pedreiro Luciano Petry, 23 anos, também estava no veículo. O problema é que seu nome não aparece no registro de ocorrência oficial da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Bastante abatido e lamentando a morte dos amigos, ele recebeu duas jornalistas e o irmão de Ademir, e contou como aconteceu o acidente.
- Na quinta-feira não tinha serviço por causa da chuva. Então, combinamos de fazer um peixe de noite na lavagem (de Airton Krewer e Mauri Hertz). Ao meio-dia a turma já tinha dado uma volta em Dois Irmãos, sem eu ir junto. Aí deram carona para o Ademir, que veio a Morro Reuter, e lá pelas 14h45 resolvemos dar uma banda em Novo Hamburgo e o Ademir foi junto também - relata Luciano, afirmando que Ademir já estava com eles e que, ao contrário do que se imaginava, não pegou carona apenas pouco antes do acidente.
- Fomos em seis e todos beberam cerveja. Bebemos no caminho, paramos no posto e a última parada foi na Tenda da Figueira, lá pelas 17h30, onde pegamos mais cervejas. É verdade que o Fábio estava se prevalecendo na direção e várias vezes o “Stibi” (Airton) pediu para dirigir, e ele não deixou, dizia que “era motorista”. Ele correu bastante, ultrapassamos vários carros e um caminhão poucos metros antes de bater. Ele achou que ia fazer aquela curva e não fez. Todos estavam sem cinto de segurança e ele estava dirigindo a uns 110 km/h. Foi muito rápido, quando vi que iríamos bater, me segurei com todas as minhas forças. O carro bateu e virou. O Mauri, o Ademir e o Airton, que estavam sentados do lado direito, voaram para fora. Assim que consegui sair, fui ver meus amigos. O Ademir estava a uns 10 metros do carro e morreu na hora. O Cristiano estava deitado na valeta, se afogando com a água da chuva. Fui ajudar ele e corri de volta para ver o Mauri, que estava bastante ferido e sangrando muito. A ambulância demorou uns 10 minutos, mas parecia uma eternidade. Estávamos desesperados. Não sei quem deu a ocorrência para a PRF que meu nome não apareceu. Naquela hora só pensei em ajudar meus amigos e fui na ambulância com o Mauri - diz Luciano.
Na sexta-feira, a redação do JDI tentou conversar com o motorista, que estava em observação no posto de saúde de Morro Reuter, mas ele não quis falar.

Uma das vítimas continua
internada em estado grave

Faleceram no acidente Ademir Honig, 39 anos, e Mauri Hertz, 28. O motorista Fabio Luiz Oberherr, 29, teve ferimentos leves e Luciano Petry, 23, escapou ileso. Airton Krewer, 36, também ficou ferido, mas já recebeu alta do hospital.
O caso mais delicado é de Cristiano Dilly, 32 anos, que continua internado em estado grave no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. “Quando eu vi ele na sexta-feira, entrei em desespero. Não reconhecia, não parecia ser meu filho”, conta a mãe Terezinha Dilly, que ficou assustada com os ferimentos.
Cristiano segue internado em coma induzido à espera de um leito na UTI. “Ele está em observação. Não tem leito na UTI. Está muito machucado e estamos rezando por sua recuperação. Meu marido foi ver ele ontem e disse que ele até reagiu um pouco ao ouvir a voz do pai, mas o estado é grave. Temos fé que ele vai voltar. Deus está conosco e meu filho vai ficar bom”, acredita Terezinha.



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