Muitos chamam de “ssor”, “fessor”, “profe” ou simplesmente amigo. Não importa. Todos na vida têm ou já tiveram um professor que mais gostaram ou com que mais aprenderam. Hoje, 15 de outubro, é o Dia do Professor. Dia do mestre, do educador, do líder. Aquela pessoa que se dedica a formar cidadãos honestos, que educa, corrige, ajuda a despertar, que não desiste nunca, e é exemplo para alunos, pais e sociedade. O Jornal Dois Irmãos conversou com profissionais da área para saber mais sobre o desafio do professor nos dias de hoje e descobriu que o quadro negro não atrai a atual geração de estudantes e que a metodologia de ensino só com livros não funciona mais. É preciso expandir as fontes.
Susana Augustin Herrmann, 50 anos, leciona há 31. Ela é aposentada há dois anos, mas nem pensa em largar o ofício. “Vou parar no dia em que não conseguir mais subir escadas, ou quando estiver bem velhinha e não tiver mais condições. Gosto da profissão, é um desafio constante. As recompensas são maiores que as decepções”, garante. Susana teve alunos desde a pré-escola até o 2º grau. Foi diretora de escolas e creches, é professora de História e está em Dois Irmãos desde 2006. Atualmente, dá aula no Colégio Imaculada Conceição, da 5ª série ao 2º Grau. “Eu me formei no Magistério e comecei com as séries iniciais. Em 1978 entrei na Unisinos, cursando Estudos Sociais. Mas aí casei, tive filhos e acabei trancando a faculdade”, conta ela, que começou a faculdade aos 18 anos e parou aos 20. “Cuidei dos meus filhos e retomei a faculdade aos 40, me formando cinco anos depois. Na verdade nunca abandonei meu sonho; só adiei e realizei mais tarde”, diz ela, orgulhosa.
Professor era autoridade
Para Susana, muita coisa mudou ao longo dos anos, a atualização tem de ser constante, mas o principal é o respeito com o professor. “O professor sempre era visto como uma autoridade na cidade. Era respeitado tanto por pais, alunos, como pela sociedade em geral. Hoje é diferente. Houve uma inversão de papéis, temos que provar inclusive que o aluno sabe ou que não sabe. Não é mais o aluno que prova isso”.
Segundo a professora, entrar com autoridade não cativa mais. “O quadro negro não atrai mais o aluno, e usá-lo com autoridade também não cativa. Tem uma gama de novidades em tecnologia como iPod, vídeos, celular, internet, DVD... e o professor têm que se reciclar para cativar a atenção do aluno. A gente compete muito com a tecnologia e às vezes sai perdendo nessa competição. Mas é uma troca. Temos de estar dispostos, ter jogo de cintura para atingir os objetivos. É preciso beber de diversas fontes”, diz a professora.
É vocação e paixão
Vice-diretor da escola municipal Primavera e professor de Ciências, Marcus Hübner, 41 anos, leciona desde 1995. Além de professor da área em Dois Irmãos, também é professor de ensino técnico na Fundação Evangélica de Novo Hamburgo e do Instituto Educacional do Rio Grande do Sul (IERGS).
Para Marcus, hoje em dia a dificuldade é maior para conseguir a atenção dos alunos nas aulas. “A globalização, internet e as informações que chegam muito rápido hoje, dificultam o trabalho do professor em conseguir a atenção do aluno por mais de 10, 15 minutos”, diz ele, acrescentando que hoje, mais do que nunca, o professor precisa se adequar à realidade dos seus alunos. “Apenas o quadro e o livro não funcionam mais. Quanto mais prática e focalizada é a aula no cotidiano do aluno, melhor será a aprendizagem. O planejamento ainda é essencial, mas a forma mudou. Quanto mais pudermos deixar a aula visual e prática, melhor. Para tanto, podemos usar revistas, jogos, material para montar... O que não mudou nos últimos anos foi o foco no vestibular. As provas de seleção não mudaram, elas continuam sendo objetivas e teóricas. O aluno precisa aprender, indiferente da maneira, para poder se sair bem sempre”, opina o professor.
Aprendendo a ler e a escrever
Na escola municipal Albano Hansen, no Travessão, a turminha do 1º ano A, com idades entre 6 e 7 anos, está eufórica. Eles já conseguem escrever o próprio nome, e “emendado”, o que é motivo de orgulho para todos. “Sei escrever meu nome inteiro, separado e emendado”, comemora a pequena Ketlin Taís da Silva, de 6 anos. A professora Tatiana Armbrust, 35 anos, que leciona há 15 no município, se sente orgulhosa em participar do processo de alfabetização da galerinha. “Adoro, não tem coisa mais linda. Tem gente que vem sem nada e tudo tem de ser descoberto, tem de se despertar. É maravilhoso”, comenta Tatiana.