sexta-feira, 13 de agosto de 2010

De volta pra casa!


Jonni visitou o Castelo de Neuschwanstein, um dos lugares mais fotografados da Alemanha


Morar fora do país e conhecer outra cultura é desejo de muitos jovens. Os amigos Jonni Schneider, 25 anos, e Jorge Dirceu Steffen, 23 anos, viveram a experiência e agora, depois de um ano, retornaram ao Brasil. Eles moraram um ano na Alemanha e durante este período conheceram e aprofundaram ainda mais os conhecimentos sobre a cultura e a língua alemã. A vivência no país alemão foi uma experiência positiva para ambos que contam eufóricos sobre a vida que levavam lá. Eles embarcaram para a Alemanha no dia 5 de agosto de 2009 e retornaram no dia 5 de agosto de 2010. Na tarde desta quinta-feira eles estiveram na redação do Jornal Dois Irmãos e contaram um pouco sobre a vida lá fora.


Jonni Schneider

A vontade de conhecer a Alemanha, sua cultura e sua língua, foi o que mais incentivou o dois-irmonense Jonni Schneider a morar fora do país. Ele estava na cidade de Iffezheim, no Sul do país. Segundo Jonni, a receptividade da família que o hospedou - que coincidentemente era de mesmo sobrenome, Schneider - foi muito boa. “Eles me receberam super bem, lá eu era da família, me sentia realmente em casa”, conta ele, lembrando que o casal com o qual morava tinha quatro filhas e os genros acabaram se tornando seus amigos no país. Jonni trabalhou na empresa de propriedade da família, que tinha plantação de milho e aspargos. Ele destaca a grande infra-estrutura do país. “Principalmente o trem, que eles usam muito. Aqui, por exemplo, se eu quero ir para Novo Hamburgo, às vezes preciso esperar meia hora para pegar um ônibus. Na Alemanha, não. Tem trem saindo direto, não precisamos ficar esperando, e além de tudo é muito mais rápido. Chegamos em outro país em pouco tempo, pois lá é tudo perto. Na Alemanha também é utilizado o Bilhete Único, em que a pessoa compra um único bilhete para andar o dia inteiro”, relata. O jovem dois-irmonense também dirigiu carro na Alemanha. O “chefe”, como ele mesmo ainda o chama, até “liberou” o carro para alguns passeios durante os finais de semana, quando eles viajavam para outros lugares, não esquecendo, é claro, do churrasco que os brasileiros faziam nos encontros dos finais de semana. Ao contrário do que muitos imaginam, o custo de vida do alemão não é caro. “A única coisa que realmente é cara na Alemanha é a casa própria. Mas alimentação, passagem aérea, de trem, é tudo muito barato”, garante Jonni.

JDI - Pretende repetir a experiência?
Jonni - Não, agora realmente não penso em morar fora do Brasil. Gostei muito da experiência, mas matei minha curiosidade. Eu queria ir para lá realmente para conhecer a cultura deles, aprofundar meus conhecimentos sobre a língua alemã, ter a oportunidade de conhecer vários países, enfim, entender um pouco mais sobre o país de onde nossos antepassados vieram. Não digo que nunca mais vou morar fora, talvez um dia isso aconteça, mas não será através deste programa da AFEBRAE (Agência de Fomento a Estágios de Brasileiros no Exterior), talvez por emprego, pois, especialmente a Alemanha tem muitas empresas multinacionais e oportunidades excelentes.

JDI - O que é melhor de viajar e viver em outro país?
Jonni - É novamente a questão de conhecer outro idioma, conhecer outra cultura. Como eu morava aqui em Dois Irmãos, onde a cultura alemã é bem lembrada pelo fato da nossa origem ser alemã, já tinha noção de como seria lá, mas alguns costumes são bem diferentes. Aprendi muito mais sobre a cultura deles também, até mesmo porque lá eles nos pagam cursos, e um deles é específico sobre a cultura da Europa. Vale muito a pena ir para conhecer novos lugares e para aprender a falar bem o alemão. Eu, por exemplo, viajei para cerca de oito países no período em que estive lá.

JDI - E o que é pior?
Jonni - Não tem nada que seja ruim. Tem o frio, que é muito frio mesmo. Cheguei a enfrentar temperaturas de até 21ºC negativos. Este inverno, segundo os alemães, foi o mais rigoroso dos últimos 50 anos, nevou muito lá. E para ajudar, o sal também acabou. O sal eles usam para derreter a neve que tem nas ruas, mas como acabou, às vezes as pessoas nem conseguiam sair de casa ou andar com os carros pelas ruas. É muito frio, mas é muito bonito.

JDI - Como foi a adaptação?
Jonni - Me adaptei muito bem, até porque encontrei vários brasileiros. A família com a qual eu morava me tratava realmente como um membro da família. Como a gente morava e trabalhava junto, a convivência era 24 horas por dia. Depois do serviço a cerveja era sagrada, todos os dias a gente bebia e ficava conversando. Esse é um dos costumes que eles tem.

JDI - Você recomenda a experiência?
Jonni - Para quem tem vontade de conhecer novas culturas, aprender a falar fluentemente outro idioma, com certeza a experiência é extremamente válida através do AFEBRAE, é uma oportunidade ímpar, realmente algo muito bom. Agora, se for para procurar estabilidade financeira, aí deve ser fora do projeto, pois o projeto realmente é para que as pessoas conheçam novos lugares. Mas a vivência em outro país é uma experiência única para qualquer pessoa. Outro ponto importante é a força que isso tem no currículo, pois a pessoa já teve contato com países do exterior.


Jorge Steffen


Parlamento Alemão, “o lugar onde tudo é decidido”, diz Jorge


Ele teimou com pai, mãe, tio, tia... teimou com toda a família e hoje tem muita história para contar. Jorge Dirceu Steffen, conhecido como “Schóch”, morou na cidade de Hardheim e realizou um desejo que tinha desde a adolescência. Ele sempre esteve muito convicto do que queria, mas muitos não acreditavam que um dia Jorge pudesse realmente ir para a Alemanha ou qualquer outro país. “Eu sempre dizia que de alguma forma iria para lá, de algum jeito eu iria”, afirma ele, que também foi através do projeto do AFEBRAE. Na Alemanha, ele trabalhou com vacas leiteiras e ajudava na plantação de milho e trigo, na propriedade de uma família onde vivia o casal, dois filhos e os pais do “chefe”. Jorge conta que a relação com as crianças, uma menina de 6 anos e um menino de 9, foi muito positiva. “Me apeguei muito a eles e eles a mim”, conta. Ele elogia muito a organização dos alemães. “É um povo extremamente organizado. Eles tem hora para tudo, principalmente nas refeições. Seguem os horários”, diz Jorge, que ainda destaca a limpeza do país alemão “Eles são muito exigentes no que diz respeito a limpeza, são severos neste ponto”, A vida na Alemanha agradou, mas algumas das coisas de Dois Irmãos faziam falta. “Lá não tinha a cervejada depois dos jogos de futebol. Senti muita falta disso, da companhia dos meus amigos e da festa que a gente sempre fazia”, diz Jorge, sem esquecer da família. “Eu ligava aos domingos pra casa e falava com a família, daí não foi tão difícil”.

JDI - Vai repetir a experiência?
Jorge - Estou pensando seriamente nisso. Quando eu ainda estava lá na Alemanha recebi propostas de trabalho. Fiz muitos amigos lá e vários já me ofereceram serviço. Tem uma empresa na qual eu preciso ficar durante três anos e depois eles me encaminham para São Paulo, onde eles têm uma espécie de filial. Mas vou decidir ainda. Agora, no momento, vou ficar um pouco aqui, matar a saudade e daí vou pensar nisso e decidir o que devo fazer.

JDI - O que é melhor de viajar e viver em outro país?
Jorge - Assim como muitos, para mim a questão de conhecer lugares novos também é um dos principais atrativos, para quem gosta de aproveitar, é uma oportunidade única.

JDI - E o que é pior?
Jorge - Uma coisa que eu estranhei de início, mas depois me acostumei, foi a comida. Eles não têm essa variedade que a gente está acostumado aqui, como arroz, massa, batata, carne tudo junto na mesa. Lá ou é um ou é outro. Ou é só arroz e massa, ou é só batata e carne, eles até seguem um cardápio, bem diferente daqui. Às vezes de meio-dia ela vinha com uma coisa muito estranha, era algo parecido com geléia, mas não sei. Não adianta, a comida de lá não é ruim, mas a daqui é muito melhor.

JDI - Como foi a adaptação?
Jorge - A adaptação foi super boa. Eles me receberam muito bem, me senti a vontade logo que cheguei. Eles não te tratam com indiferença, isso é legal. Quando eu cheguei lá, meu deus, ficava pensando em como eu diria as coisas. No primeiro dia, quando eu acordei, logo pensei: “tô aqui, vou ter que me virar”, e lá fui eu me virar no alemão. Quando eu não entendia o que eles diziam, pedia para eles repetirem e vice-versa. No fim, todos se entendiam, foi bem tranquilo. Depois de uma semana eu estava falando muito bem já.

JDI - Você recomenda a experiência de viajar para outros lugares?
Jorge - Com certeza. É uma experiência ótima, apóio muito as pessoas que têm vontade de ir, não vão se arrepender. Eu, se puder, volto pra lá.

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