terça-feira, 24 de agosto de 2010

Muito calor e fumaça no ar

Fumaça também predominou em Dois Irmãos neste fim de semana

Não havia uma nuvem e o dia era ensolarado, mas quem olhasse neste domingo para o céu de Dois Irmãos e em todo o Vale do Sinos notava claramente um tom acinzentado, resultado da presença de fumaça de queimadas. “Não pode ser só calor, tem algo a mais no ar”, disse uma moradora do bairro Primavera. A verdade é que uma nuvem de fumaça oriunda de queimadas no centro-oeste e norte do Brasil, e da Argentina, Bolívia e Paraguai, chegou ao Estado no sábado, tornando o céu de Dois Irmãos e região acinzentado no fim de semana. A fumaça atinge a qualidade do ar e pode causar efeitos no meio ambiente e na saúde da população. A cortina de fumaça deve continuar até amanhã devido às correntes de vento. Em razão da interação entre as nuvens e o excesso de monóxido de carbono e outros gases na atmosfera, a MetSul Meteorologia não descarta a possibilidade de precipitação de fuligem e uma chuva escura, com a chegada da frente fria entre amanhã e quarta-feira. O biólogo Jackson Müller explica que essa chuva pode afetar o solo e os rios, já que “lava” materiais poluentes, como pó e fuligem. Essa água não pode ser usada para consumo.

6% do território boliviano em chamas
Um incêndio florestal arrasou três mil hectares na província de Jujuy (Norte da Argentina), e as chamas chegaram ao Parque Nacional Calilegua, criado para proteger a floresta de Yungas. O incêndio, que começou há uma semana, se agravou devido ao vento e à seca. O chefe dos serviços de contenção de fogo de Jujuy, Marcelo Gallardo, calculou 1,2 mil hectares destruídos na reserva natural. Os incêndios também atingiram níveis críticos nos últimos dias na Bolívia. O quadro é tão grave que o governo convocou as forças armadas, pediu ajuda ao Brasil e Argentina e admitiu que não tem recursos técnicos e humanos para combater as chamas. Estima-se que 6% do território boliviano esteja em chamas. O número de focos detectados este ano já é o maior desde 2004 e as autoridades cogitam que pode superar o de seis anos atrás na Bolívia, descrevendo como maior desastre florestal da história do país.

Entenda o que está acontecendo
O transporte da fumaça do Brasil e da América do Sul para o Rio Grande do Sul desde o sábado se dá mediante correntes de vento do Norte. Conforme a MetSul Meteorologia, assim como o vento traz ar frio do Sul para o Estado, correntes de Norte trazem ar quente. E como a origem desta massa de ar aquecido está numa região com milhares de focos de fogo, junto vem também muita fumaça. O extremo calor no Centro-Oeste, com máximas de até 40 graus, e o tempo muito seco, sem chuva em alguns locais há meses, deve favorecer ainda mais incêndios nesta semana. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que em 24 horas, entre os dias 21 e 22, foram anotados 13.554 focos de incêndio no Brasil, 4.677 na Bolívia, 1.406 na Argentina e 1.030 no Paraguai. Neste domingo, o ar quente elevou ainda mais a fumaça no Estado, causando a dispersão de raios solares e mudando o cenário. O tempo parecia nublado.

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