quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Enem 2010 frustra estudantes


William, Amanda, Letícia e Pedro Henrique fizeram o Enem no fim de semana
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no final de semana em todo país, foi marcado por falhas e pode ser anulado. No primeiro dia, alunos foram avisados pelos fiscais das salas que “o cabeçalho no cartão de respostas inverteu os campos de Ciências Humanas e Ciências da Natureza”. Mas as falhas não pararam por aí. Houve erros de impressão, questões repetidas ou faltando, erros nos enunciados - inclusive de português -, o que prejudicou os candidatos. O concurso está suspenso em caráter liminar e deixa em aberto o futuro de 4,6 milhões de candidatos inscritos para as provas do final de semana. Por enquanto, a obtenção de vagas no ensino superior está congelada. Em Dois Irmãos, cerca de 600 alunos prestaram o exame nas escolas Affonso Wolf e Primavera. São estudantes de Dois Irmãos, Morro Reuter e Santa Maria do Herval, que não escondem o sentimento de frustração. Fernanda Gasparotto Rodrigues, 17 anos, do 3º ano da Affonso Wolf, fez o Enem para conseguir uma bolsa através do Prouni ou aproveitar a nota para ingressar na UFRGS. Ela pretende cursar Arquitetura e vinha se preparando há dois meses para o exame. “Na última semana me esforcei ainda mais, passei madrugadas estudando, revendo conteúdo. Queria que tivessem respeito!. Fui muito bem na prova e vou ficar muito braba se o Enem for anulado e tiver de fazer de novo. Perdi um tempão”, diz.

Era a segunda vez de Jéssica Barraca Pereira, 19 anos, também estudante do 3º ano da Affonso Wolf. No ano passado, ela fez a prova mais como um teste, para adquirir experiência, e este ano seria pra valer. “Desde o início do ano fui me preparando para o Enem. Eu fiz simulados, achei que esta seria uma grande oportunidade. Preciso da nota do Enem para cursar uma faculdade. Fiquei muito indignada quando começou a confusão. Isso mexe com o psicológico de cada aluno. Acho uma tremenda falta de respeito. Depois de 2009, quando o conteúdo vazou e o exame teve de ser refeito, eles tiveram um ano para preparar o novo exame. Foi um fracasso”, afirma a jovem estudante.

Para Gustavo Marmitt, 17 anos, uma prova elaborada pelo Ministério da Educação deveria ser exemplo de segurança. “Não sei se farei de novo, se essa for anulada. É uma prova desgastante, mas é também uma chance de entrar na universidade”, analisa o aluno, que pretende cursar Publicidade e Propaganda. Gustavo conta que assim que os fiscais falaram da troca dos títulos no gabarito, surgiram dúvidas e o clima ficou tenso. “Deu um nervosismo e ficou a dúvida: será que não tem mais erros?”, comenta ele.



Exame não tem mais crédito entre alunos

Para muitos jovens que fizeram a prova, este foi o “primeiro e último” Enem na vida. Houve falhas de impressão, diagramação, erros de português, questões repetidas ou faltando... Enfim, um verdadeiro fiasco! E por se tratar de um exame em nível nacional, na opinião dos jovens a credibilidade do Enem caiu por terra. Alunos do 3º ano do Colégio Imaculada Conceição que fizeram a prova pela primeira vez jamais imaginaram que tais problemas ocorreriam. Pedro Henrique Brandt Stein, de 17 anos, Amanda Rafaela Stein, 17, Letícia Schuh, 17, e William Klaus, 16, estão com suas expectativas frustradas em relação à prova criada pelo Governo Federal. Como estudam em escola particular, ainda tiveram que pagar a taxa de 35 reais para fazer a prova. “A escola incentivou, os professores nos deram e apoio. Pagamos para fazer porque somos escola particular e não imaginamos que seria assim. No sábado o cartão resposta estava errado. Domingo tinha questões repetidas ou faltando, inclusive com erros de português”, reclama Amanda. “A gente entra com uma expectativa e sai decepcionado. O Enem não tem mais crédito algum”, afirma Pedro Henrique.Letícia também já pensa em fazer vestibular na Feevale e Unisinos, pois está totalmente decepcionada com o Enem. “Se for anulado e tiver de refazer, quando vai ser isso?”, questiona ela. William frisa que alunos da escola pública dependem da prova para entrar na universidade, e que em seu caso pensou em aproveitar a a nota para entrar na universidade federal. “É uma falta de respeito com todos os alunos. O próximo exame vai ter um recorde de abstenção. Se eu erro o título da minha redação, já era; se eles erram, é só refazer?”, indaga o rapaz. “Se a gente esquece de assinalar uma questão, a prova nem é corrigida. Se assinala duas respostas na mesma questão, também não corrigem”, acrescenta Amanda, bastante indignada com a situação. Outra reclamação dos estudantes que fizeram o Enem foi a falta de rascunho para cálculos. “Não tinha rascunho para as contas de matemática”, lamenta Pedro Henrique.

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