sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A reserva do Taim é para encher os olhos e a alma


Alan Caldas
editor
Quatrocentos quilômetros depois de sairmos de Dois Irmãos, chegamos a Estação Ecológica do Taim. Ela fica numa reta intermináááável de mais de 190 quilômetros, entre as cidades de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.

Nessa faixa, espremida entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, 32 mil hectares de terra foram transformados em estação ecológica. Isso ocorreu principalmente porque por ali passam animais migratórios, vindos da Patagônia. É uma estação de descanso para eles, digamos assim. Não é permitida a visitação pública como lazer, mas informados que se está fazendo uma reportagem, documentos à mostra, etc., o acesso é permitido.

Atividades de Educação Ambiental são estimuladas, mas turismo não. Uma pequena floresta de 10 hectares que se vê aqui é uma preciosidade ecológica. As figueiras nativas e corticeiras repletas de barbas-de-velho e adornadas por orquídeas são uma paisagem inesquecível.

No banhado domina o junco, aguapé, erva-de-santa-luzia e gramíneas de porte que servem de refúgio para aves e mamíferos. É ali que as crianças de todas as idades, (inclusive este que vos escreve) vibram ao ver pacas, jacarés e uma infinidade de animais. O jacaré-de-papo-amarelo é um símbolo do local. O cisne-de-pescoço-preto é outro. Estão ali outras espécies ameaçadas de extinção, como o coscoroba, os Dendrocygna, o marrecão da Patagônia, os socós, o tachã, e a garça-branca-grande.

Entre os mamíferos está o ratão-do-banhado, hoje protegido e que sofreu perseguição implacável devido ao valor da sua pele. Também vimos o tuco-tuco e a capivara. O cervo-do-pantanal, nos diz o biólogo Erwin, foi encontrado no Taim, mas foi extinto pela ação predatória do homem. Mesmo não podendo entrar na Estação, uma parada à beira da estrada (com muito cuidado, porque tem uns doidos que passam voando) é obrigatória. E é de encher os olhos. E a alma.

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Chuí é paraíso de compras na fronteira Sul do Brasil

 
O Chuí é o fim do Brasil geograficamente. É uma típica cidade de fronteira seca, Brasil e Uruguai divididos por uma rua. Do lado de cá, Brasil. Do lado de lá, Uruguai. A avenida de “mão dupla” nas duas pistas da mesma avenida. Entendeu? Pois é. Tem de vim para ver.

Do lado brasileiro as mesmas lojas e restaurantes. O show está do lado uruguaio, o Chuy Zona Free, onde estão os free shop, lojas em que se compra sem imposto.

São 12 free shops, de vários tamanhos, repletos de ofertas. Tem de tudo e o preço é lá embaixo. Reparei que só não é tão bom assim nos cristais, por exemplo. Mas eletrodoméstico, materiais eletrônicos, roupas, sapatos, vinhos, perfumes, tudo é mais barato.

As mulheres dão preferência aos perfumes e cremes. Os homens, aos vinhos.

Algumas dessas lojas conseguem mandar o produto para dentro do Brasil, pelo que me disse um funcionário. Só não me pergunte como.

 
Quem compra ao entrar no Uruguai não precisa se preocupar. Mas a passagem pela alfândega brasileira é um mistério. Certas vezes param todo mundo. Noutras ninguém. Algumas vezes param e revistam tudo. Noutras param e não revistam nada.

Fui falar com um policial federal, que atende ali, e perguntei a razão:

- É uma técnica: você nunca sabe se pode ou não, e então vira seu próprio policial.

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Momento Filosófico
“Ninguém pode obrigar alguém, a menos que este alguém tema a conseqüência do seu proprio ato”
(Leibnitz)

É essa a técnica da fronteira, suponho. A gastronomia no Chuí é a mesma do Brasil inteiro: paupérrima. Churrasco, churrasco e churrasco. No lado Uruguaio, o de sempre: parrilla (que é o nosso churrasco) e batata frita. Quando muito uma milanesa. E fica nisso. O preço do lado brasileiro varia de 15 a 25 reais. No lado Uruguaio é similar. E comer ali (vá por mim) só se estiver com muita fome. Caso contrário, siga em frente. Ah, mas leve vinho e espumante, porque o preço é realmente muito bom.



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