O dois-irmonense Tiago Kolling Werner, 22 anos, está se preparando para integrar a Missão de Paz da Organização das Nações Unidas no Haiti.
Ele integra o grupo de 800 militares do Rio Grande do Sul que viaja com a missão de manter o ambiente seguro e estável no Haiti. O país tenta se reerguer depois do terremoto que deixou centenas de vítimas em janeiro de 2010.
Os embarques para a capital Porto Príncipe iniciaram hoje e seguem até 7 de março, data em que o dois-irmonense viaja.
Filho de Marisa Kolling e Luiz Werner (in memorian), Tiago está no 19º Batalhão de São Leopoldo desde 2007. Entrou como soldado, fez curso e hoje é o “Cabo Kolling”.
Com forte treinamento físico, instruções de tiro e orientações (a maioria ao ar livre), ele sempre teve muito claro o motivo que o levou a entrar no exército. “Eu vim para fazer uma coisa real”, conta. No treinamento normal, segundo Kolling, é passada muita coisa que está no manual, mas que os soldados não sabem se vão usar. “A guerra hoje é mais combate urbano”, comenta. O treinamento no primeiro ano, segundo Tiago, é mais puxado. A partir do segundo ano, o soldado relembra as instruções repassadas e vai aprimorando o que aprendeu.
E assim, de soldado recruta, o jovem passa a integrar o efetivo profissional.
O tempo máximo de permanência no exército é de sete anos. “Nos dois primeiros anos tem a opção de fazer um curso de Cabo, de três meses. Fiz o curso no segundo ano”.
A missão no Haiti
O dois-irmonense conta que em janeiro do ano passado, após o terremoto no Haiti, houve rumores de que seria a vez do Batalhão de São Leopoldo partir para a missão. O grupo gaúcho, inclusive, foi o primeiro Contingente do Brasil a ir ao Haiti, em 2004.
Duas vezes por ano, o contingente é substituído. O grupo que está embarcando agora é o 14º a integrar a Missão de Paz. “Houve rumores de que a ida seria em junho ou julho do ano passado. Mas veio a confirmação em agosto de que seria agora. Sabíamos apenas que seria uma missão de meio ano. Passaram uma lista e me coloquei à disposição para ser voluntário”, comenta Tiago, lembrando que está entre os 200 voluntários selecionados para integrar a missão.
Mesmo sabendo que ficará seis meses no Haiti, Tiago considera a missão de um ano. “Tivemos seis meses de treinamento totalmente focado no Haiti. Comandantes de Pelotão tiveram treinamento em um centro de preparação da Força da Paz, no Rio de Janeiro, e eles nos repassavam todas as instruções. Aprendemos a falar a língua do Haiti, o ‘creole’; tivemos treinamento de controle de distúrbio, ações cívico-sociais, como distribuir comida, fazer patrulha, abordar um carro...”,
50 kg de bagagem
O limite de peso na bagagem é 50 quilos. Tiago vai levar fardamento completo, roupa de cama, material de higiene, protetor solar fator 58, luvas, repelente e o notebook. “Tem dois telefones para a gente usar lá, gratuitos. Mas são dois para uns 140 soldados”, diz ele, aos risos. Neste caso, melhor mesmo é se comunicar pela internet, utilizando ferramentas como MSN e Skype.
Apoio da família
Decidido e determinado, Tiago tem consciência do tamanho da missão. Acostumado a retornar para casa todos os dias do quartel em São Leopoldo, ele sabe que em seis meses longe da família vai sentir saudades. “A família é um dos fatores que mais influencia. Tenho que ter o apoio deles quando estiver lá”.
Se depender da namorada, a professora Joice Mallmann, apoio não vai faltar. “Acho o máximo ele ir. Com certeza vou dar toda força”, afirma ela. Eles estão juntos há três anos e, quando se conheceram, Tiago já dizia que queria participar de uma missão de paz.
A mãe, dona Marisa, prefere não tocar no assunto. O aperto no coração é notável e a saudade já está no olhar.
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