sexta-feira, 8 de abril de 2011

Derruba ou não derruba?

Conselho do Patrimônio vai decidir
futuro da antiga casa da família Nienow

Paredes e telhado estão apodrecendo



Paredes, telhado e aberturas precárias resultaram no desabamento de boa parte da fachada da casa da família Nienow, na tarde desta quarta-feira. O imóvel histórico, localizado na Av. São Miguel, tem mais de 100 anos e abrigou o famoso Salão Sander no passado. Com a queda da parede, bombeiros, defesa civil e prefeitura foram acionados. O local foi interditado e os proprietários tiveram que assinar um termo de compromisso para não entrar na casa.


Atualmente, ninguém residia no endereço. A casa era utilizada apenas para ensaios de duas bandas. Além dos equipamentos, o local também acomoda móveis antigos.

Uma equipe técnica da prefeitura faria nesta quinta-feira um levantamento para ver se a casa pode ser restaurada ou deve ser demolida. A decisão final será do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e Natural de Dois Irmãos, responsável pelos bens tombados. A presidente Elisandra Silveira da Silva explica que vai esperar o laudo da prefeitura e convocar uma reunião em regime de urgência com a diretoria e a equipe técnica do conselho. “Estive no local ontem à tarde e fizemos os encaminhamentos necessários. Ainda hoje vou me reunir com o conselho. Nosso sonho é de que a casa possa ser restaurada, mas é preciso muito dinheiro”, diz ela.

O conselho é formado por Elisandra, Maurício Klein (Secretaria de Educação), Sérgio Fritzen (Secretaria de Indústria, Comércio, Agricultura e Turismo), Milena Martorelli (Secretaria de Planejamento e Habitação), Ângelo Reinheimer e Vera Rausch Tomazzoli (Associação dos Amigos da Antiga Matriz); Valéria Collet (Cantares) e Alcindo Berlitz (Rota Colonial Baumschneis). Fazem parte da equipe técnica Patrícia da Silva (Arquiteta), Paschoal Piazza Ortolan (engenheiro), Kátia Fernanda Knorst (historiadora) e Ivana Soligo Collet (bióloga).


FAMÍLIA QUER DEMOLIÇÃO
A casa da família Nienow é referência de história em Dois Irmãos. Porém, com o passar dos anos, a estrutura se deteriorou. "Na época, quando tombaram a nossa casa, só nos entregaram um documento. Nos primeiros anos, continuamos pagando mais de 2 mil reais de IPTU. Só depois ficamos sabendo que podíamos ficar isentos do imposto", conta Marlene Nienow. "Para fazer reformas, precisamos respeitar muitas coisas. Como a casa é muito grande, não tínhamos condições financeiras de fazer isso", completa Marlene. A família quer que o prédio seja derrubado. "Não sabemos como está a estrutura e não podemos nem entrar para retirar o que tem lá dentro, pois ela pode cair a qualquer momento". Até três anos atrás, a casa da família era utilizada pela comunidade para confeccionar a decoração do Natal dos Anjos. O imóvel pertence a Ricardo e Ari Nienow.


DECISÃO SERÁ POLÊMICA
O destino da antiga casa da família Nienow promete gerar polêmica nos próximos dias.
A família já deixou claro que prefere a derrubada do prédio. No entanto, há quem defenda a restauração. “É preciso muita paciência e um longo diálogo para ver o que será feito. Ali funcionava o antigo Salão Sander, e pelo que se conta foi o primeiro lugar a servir café colonial na cidade”, diz Angelo Reinheimer, que integra o Conselho de Patrimônio e esteve à frente da criação da lei municipal de tombamento, em 2002. “Qualquer prédio pode ser restaurado. Existem leis de incentivo para isso e nós vamos brigar por essa casa. Ou depois vamos ficar chorando como se chora hoje a perda do prédio da antiga prefeitura”, completa Angelo.

Dois Irmãos tem 23 bens tombados

Em 2002, na administração do prefeito Juarez Stein (PMDB), foi aprovada a lei 1.939, que criava o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural. Dois Irmãos conta atualmente com 23 bens tombados. Pela Lei, a preservação é responsabilidade da equipe técnica e do Conselho do Patrimônio. Já a manutenção e a conservação ficam a cargo dos proprietários. Segundo Elisandra, os imóveis tombados pelo município são isentos do IPTU. “Para isso, os proprietários precisam seguir algumas regras. Os locais não podem ser pintados com cores fora do padrão, qualquer reforma precisa passar pelo conselho, para então decidirmos qual é a melhor forma de fazê-la, sem acabar com as características do bem tombado”, comenta ela.

IMÓVEIS TOMBADOS
Casa Ellwanger
Casa Família Engelmann
Casa Auler
Casa Dienstmann
Casa Soine
Museu Histórico
Municipal
Casa Konrath
Conjunto Igreja Luterana
Igreja Evangélica
Casa Pastoral Evangélica
Casa Kolling
(José Aloysio Kolling)
Salão Sander
Armazém Sander
Casa Kolling
(Vale Serra Construções)
Antiga Igreja Matriz de São Miguel
Colégio Imaculada
Conceição
Casa Professor
Matheus Grimm
Moinho Collet
Ponte de Pedra
Serraria Becker
Cemitério Evangélico do Travessão
Casa Arno Sauerssig
Casa Ariberto Wendling

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