quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Fink volta e suplente nem chega a assumir

Presidente abriu mão da licença e reassumiu a sua cadeira na segunda-feira

A semana começou agitada no meio político. Depois de anunciar que sairia de licença por 14 dias, o presidente Sérgio Fink voltou atrás e reassumiu sua cadeira antes mesmo de ficar fora da primeira sessão na Câmara de Vereadores. Ninguém polemizou o caso na tribuna, mas nos bastidores a coisa fervilhou.
A suplente Graciela Jaeger chegou a comparecer na Câmara, na noite de segunda-feira, para tomar posse, mas no final da tarde ela já havia sido informada da decisão de Sérgio Fink. Visivelmente contrariada, ainda tentou conseguir junto à assessoria jurídica um espaço para usar a tribuna, se colocando como a “suplente de quem puxaram o tapete”. Porém, o Regimento Interno determina que é preciso um requerimento com antecedência.
O caso apenas expôs o imbróglio que existe dentro do PSDB entre Sérgio e Graciela. O presidente justificou sua decisão dizendo que chamou a vereadora para discutir os projetos que entraram na Câmara ontem, mas ela não compareceu, por isso decidiu voltar. O fato, porém, é que a suplente do PSDB, considerado partido de oposição, tem o discurso mais afinado com a situação (leia-se PT e PDT), e a sua entrada teoricamente facilitaria a aprovação de projetos de interesse da administração. A situação, aliás, já articulava neste sentido, tanto que apresentou uma emenda à Lei Orgânica querendo passar de 2% para 10% o percentual de créditos suplementares a que o prefeito tem direito de remanejar sem passar pela Câmara. O documento foi à votação ontem à noite e acabou reprovado por 5 a 4. Votaram contra Sérgio, Paulinho Quadri, Tânia da Silva, Jerri Meneghetti e Eliane Becker. Votaram a favor Jair Quilin, Antônio Renz, Joracir Filipin e Eliseu Rossa.
Vale destacar que, apesar de ter pedido licença por 14 dias, o presidente pode reassumir seu lugar no momento que bem entender, com base no Regimento Interno da Câmara de Vereadores.


PREFEITO NA SESSÃO
A relação entre o presidente Sérgio Fink e o prefeito Miguel Schwengber - que nunca foi das melhores - anda estremecida. Na semana passada, Miguel deu entrevista na rádio criticando a postura de Sérgio, que quis debater com o prefeito, mas ele não aceitou. No dia seguinte, foi a vez de Sérgio abrir fogo contra a administração.
O mal estar ficou evidente na sessão de ontem. O prefeito pediu espaço para conversar com os vereadores sobre um projeto de loteamento popular que está em estudo no União. O presidente da Câmara até permitiu que o prefeito conversasse reservadamente com os vereadores no intervalo, mas não participou da reunião.
- Ele não quer debater comigo na rádio, então por que eu vou participar? - comentou Sérgio nos bastidores.



MAIS CINCO PROJETOS
Cinco projetos de Lei do Poder Executivo deram entrada na Câmara nesta segunda-feira. Somente o 163/2009 foi à votação e acabou aprovado por unanimidade. O documento autoriza a prefeitura a firmar acordo com a União para a execução de ações cooperadas e solidárias para a implantação do pacto nacional pelo enfrentamento da violência contra a mulher. Os demais ficaram na Comissão de Pareceres e devem provocar discussão nas próximas semanas.
O mais polêmico é o 164/2009, que autoriza a abertura de crédito suplementar no valor de 150 mil reais para a compra de um terreno para a ampliação da escola municipal Arno Nienow, na Vila Becker. Todos os vereadores se mostraram a favor da iniciativa. O detalhe, porém, é de onde será retirado o recurso: da verba de 187 mil reais devolvida pela Câmara para a aquisição de um ônibus escolar. A oposição contestou:
- Só nos surpreende que, tendo tantos recursos à disposição, a prefeitura vai retirar o dinheiro justamente do valor do ônibus que a Câmara devolveu e que beneficiaria todas as escolas. Quero pedir que o prefeito repense e faça uma emenda para retirar o recurso de outra rubrica - disse o presidente Sérgio Fink (PSDB).
O líder de governo Jair Quilin (PDT) alegou que o projeto deveria ser votado ontem para “não perder o negócio” e que a prefeitura “não vai deixar de comprar o ônibus”. A oposição, no entanto, não leva muita fé na promessa dele.
- Quando fiz a indicação para o ônibus escolar, disseram que era urgente, mas até agora nada. Semana passada o líder de governo disse que o ônibus estava sendo comprado e chegaria até o final do ano ou início do ano que vem. Por isso, não posso rasgar um pedido que fiz aqui - explicou o vereador Paulinho Quadri (PMDB).
Joracir Filipin (PT) entrou na discussão e provocou Paulinho:
- O ônibus vai ser comprado, pode ter certeza... Mas quando o senhor era presidente, me pergunto onde foi aplicado o dinheiro que era devolvido pela Câmara - disse ele, alegando que nas outras administrações os vereadores não faziam indicações de onde o dinheiro devolvido pelo Legislativo deveria ser aplicado.
Paulinho voltou à tribuna:
- Te explico onde os prefeitos anteriores aplicaram: eles gastaram 2 milhões e 800 mil na compra de patrolas, caminhões-caçamba, caminhões de lixo, ônibus escolares, veículos pequenos... ali não precisavam fazer empréstimos - disparou.
Paulinho lembrou ainda que o município tem mais de 2 milhões de reais em recursos livres e, portanto, não precisa tirar dinheiro da compra do ônibus.
- Eu sempre digo que educação e saúde não têm partido, mas não venham aqui enrolar. Não sou contra a compra do terreno para a escola da Vila Becker, mas o prefeito pode tirar os 150 mil desses 2 milhões. E não venham depois querer largar panfletos na rua dizendo que o Paulinho é contra, como alguns estão acostumados a fazer - completou o peemedebista.

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