quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Moradores reclamam de desapropriação no União

Prefeito Migue Schwengber pretende construir um loteamento popular no local


A prefeitura de Dois Irmãos publicou na semana passada o decreto 315/2009 que trata da desapropriação de uma área de terras na Rua Ely Konrath, no bairro União (detalhe na imagem acima). A intenção do prefeito Miguel Schwengber é construir um loteamento popular. A desapropriação, no entanto, revoltou os moradores.
Jorge Soine, 47 anos, e Elisa Soine, 56, procuraram a redação do JDI para protestar contra a atitude da prefeitura. Segundo Jorge, há três meses Miguel o procurou para comprar parte da sua propriedade. O agricultor, porém, não aceitou vender, pois é nesta área que ele tem a plantação de onde tira o sustento da família. “Há três semanas fui procurado novamente porque queriam 15 metros das minhas terras, que ficam na rua Ely Konrath, para fazer uma passagem para as demais áreas que seriam construídas futuramente. Eu disse que não havia jeito de dar, porque é com elas que eu sobrevivo. Então, fiz a proposta de ceder uma área próxima, mas não recebi resposta”, relata ele, dizendo que não foi mais procurado. Para sua surpresa, porém, no fim de semana foi avisado por um amigo da publicação do decreto de desapropriação de área.
Jorge também critica a intenção da prefeitura de querer construir um loteamento em uma área nativa. “Atrás da minha plantação não posso mexer em nada. Mesmo estando na minha terra, se eu derrubar um galho de árvore, levo uma multa do Ibama, recolhem minha motosserra e ainda corro o risco de ser preso. E o prefeito? Ele pode vir e desmatar tudo?”, questiona ele.
A ideia da construção de um loteamento não agrada os moradores das proximidades. “Está todo mundo revoltado. Vizinhos nos procuram em busca de informações”, comenta a moradora Jéssica Fröhlich, 18 anos. “Aqui não há infra-estrutura necessária para um loteamento. Teriam que desapropriar casas de gente que morou a vida inteira aqui”, completa.
De acordo com Jéssica, os moradores não pretendem abrir mão do seu espaço. O clima é de revolta. “Gostaria que o prefeito pensasse em Dois Irmãos. Será que daqui 10 anos ainda podemos dizer que Dois Irmãos é um doce de cidade? Não vamos permitir que as máquinas entrem aqui. Vão ter que passar por cima dos moradores”, declara Jéssica.
O prefeito Miguel esteve reunido ontem com os vereadores a portas fechadas para expor a ideia do loteamento. Questionado na saída, o secretário de Habitação, Dilamar do Amaral, disse que em breve a prefeitura vai procurar a imprensa. Porém, em conversa com alguns vereadores, descobriu-se que a ideia do prefeito é construir no local um condomínio popular de até cinco andares, com apartamentos de cerca de 40m² e um custo aproximado de 45 mil reais a unidade.

POLÊMICA À VISTA
O presidente da Câmara, Sérgio Fink, já adiantou que o Poder Legislativo pretende chamar a comunidade para debater o projeto. “Estão pensando em prédios de cinco andares com apartamentos de, no máximo, 40 m². As pessoas nunca poderão melhorar de vida em um ambiente assim, diferente das casas populares, onde, conforme o tempo, podem construir mais”, diz ele. “Na minha visão, o que vai ocorrer, é que vão estar, no mínimo, mil pessoas agrupadas em um mesmo lugar que não possui logística, espaço e nenhum planejamento para uma obra destas”, completa Fink.

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