quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desafios longe de casa

Depois de nove meses nos Estados Unidos, Karen Kaefer está de volta a Dois Irmãos... Mas já prepara suas malas para uma nova viagem...


Karen com um cover de Elvis Presley na Calçada da Fama de Hollywood

Aos 24 anos, Karen Kaefer encarou a maior aventura de sua vida. Largou o emprego, a faculdade de Negócios Internacionais e a família em Dois Irmãos para conhecer uma nova cultura e aprofundar o inglês em um país, até então, para ela desconhecido.

Nove meses atrás, em 16 de novembro de 2009, ela embarcava para Nova York, nos Estados Unidos, através de um intercâmbio proporcionado pela escola de idiomas Yázigi. “Eu estava descontente com minha faculdade. Sabia que para conseguir crescer, teria que falar e estudar muito o inglês. E só em cursos não estava sendo legal, teria que estudar muito em casa. Ir para um país em que eu fosse obrigada a aprender a falar para me comunicar foi uma opção que me agradou, um desafio que resolvi encarar”, contou ela.

Na semana passada, Karen retornou ao Brasil, onde está matando a saudade da família e dos amigos. Mas seu retorno ao país americano já está marcado: na próxima terça-feira, dia 24. Karen visitou a redação do JDI na tarde desta segunda-feira e contou um pouco da experiência que está mudando radicalmente sua vida.

MEDO NO AEROPORTO
Ao chegar em Nova York, Karen passou por quatro dias de treinamento para trabalhar como au pair (babá). Na companhia, inclusive de outros brasileiros, até ali a experiência estava sendo ótima. “Estes dias foram bem legais. Conheci alguns brasileiros, dos quais me tornei amiga. Até ali, tudo certo. Estava aprendendo a profissão, conhecendo várias pessoas, enfim. Mas quando estava no aeroporto de Nova York para ir a San Francisco, caiu a ficha de que eu estava realmente sozinha”, conta ela. Karen iria trabalhar para uma família que mora em uma cidade pequena, de 5 mil habitantes, a 20 minutos de San Francisco, na Califórnia. A família iria esperá-la no aeroporto, mas Karen tinha medo que, ao chegar lá, não encontraria ninguém. “Ali pensei: estou sozinha, agora tenho que encarar e me virar sozinha. Fiquei nervosa, liguei chorando para minha mãe. Fiquei pensando: ‘imagina se não tiver ninguém lá, como vou fazer para encontrar a casa, se nem ao menos conseguia me comunicar direito?’”, diz, entre risos.

CUIDANDO DE TRÊS CRIANÇAS
 Para alívio de Karen, a família a esperava no aeroporto. Ela se surpreendeu ao chegar na cidade, só havia mansões. O lugar é tranquilo, com total segurança. “A família se mudou para a cidade por ser melhor para as crianças (dois meninos e uma menina). A escola delas fica a duas quadras da casa. Para o pai delas ir trabalhar também é tranquilo, pois a cidade fica a 20 minutos de San Francisco, onde ele trabalha”, disse Karen. Ela cuida dos irmãos Jackson, Parker e Aidan. Sua rotina durante a semana começa às 6h45. “Acordo e vou fazer o café da manhã das crianças. Às 8h15, levo elas para a escola, na maioria das vezes a pé, mas de carro quando o dia não está muito legal. Depois busco elas às 15h”, disse. Enquanto os três estão na escola, Karen aproveita o tempo livre para estudar em casa, fazer curso e academia. “As crianças jantam às 17h30 e às 19h30 elas têm que dormir. Depois disso, também estou livre. Posso sair, ficar em casa, fazer o que quiser”, diz ela, salientando a boa receptividade da família.

“Todos me tratam super bem. Eu também procuro fazer meu trabalho da melhor maneira. Em julho, comemorei meu aniversário (25 anos) com eles e amigos que já fiz lá”, conta.

CUSTO DE VIDA ALTO
Karen ganha cerca de 200 dólares por semana. As despesas de água, luz, alimentação ela não precisa pagar na casa. “O dinheiro gasto com coisas pessoais, como roupas, calçados, cursos, viagens e produtos de beleza. A vida nos Estados Unidos é muito cara. Recebo 200 dólares por semana, mas um xampu, por exemplo, custa cerca de 10 dólares. O dinheiro só dá para se manter, não tem como juntar muita grana”, conta Karen, lembrando das viagens. “Conheci Los Angeles, a Disney, México, vários lugares maravilhosos”, conta ela, empolgada. Um dos lugares mais lindos e que é um passeio comum nos finais de semana da família é na Casa do Lago, um dos pontos turísticos mais apaixonantes. “Passei vários finais de semana com as crianças lá. É lindo o pôr do sol. Só conhecendo para saber”.

LEIS RIGOROSAS
Ao chegar nos Estados Unidos, Karen foi surpreendida pelas leis, que são super rigorosas. Nas ruas, ninguém vê lixo. Caso alguém jogue algo no chão, o que é dificílimo, a multa é de 500 dólares. “É tudo limpinho, lindo de ver. Nas praias e lagoas, a água é cristalina, tu consegue enxergar os pés”.A jovem dois--irmonense também foi surpreendida por uma multa de trânsito de 220 dólares. “Demorei mais de cinco segundos para passar na sinalização de PARE. Como eu ainda não conhecia o trânsito direito, demorei mais tempo para fazer uma conversão. Os policiais se aproximaram, ligaram sirene e mandaram eu parar. Fiquei assustada. E não adiantou eu falar nada, recebi a multa”, contou ela. “A lei é rigorosa, mas pelo menos funciona. Lá tu quase não houve falar em acidentes de trânsito, quanto mais em mortes. São raros os acidentes”, completa.

FESTA ATÉ AS 2H
Karen trabalha um final de semana sim outro não na casa da família americana. Nos finais de semana de folga, não perde a balada, principalmente de música eletrônica. Mas diferente do Brasil, que as festas seguem até o amanhecer, nos Estados Unidos as casas noturnas são obrigadas a fechar às 2h. “E todo mundo respeita. Quando vamos para as festas, quem dirige não pode beber nada. Se um policial te pegar dirigindo alcoolizada é prisão certa. Para sair, é necessário pagar fiança e o motorista fica um ano com a carteira de habilitação apreendida. No meu caso, se isso viesse a acontecer, eu teria que voltar para o Brasil, pois preciso dirigir diariamente no emprego”.

EXPERIÊNCIA ÚNICA
Karen pretende ficar mais nove meses no país americano. Neste período, além de estudar mais o inglês, também quer fazer um curso de espanhol. Quando retornar ao Brasil, quer terminar a faculdade, conseguir um emprego na área de Negócios Internacionais e firmar sua independência. “Uma experiência como está que estou vivendo é única e recomendo a todos, principalmente as pessoas mais de jovens, de 20 anos. Com certeza, em nove meses eu amadureci mais do que teria amadurecido aqui em quatro anos. Quando eu voltar, quero trabalhar muito na minha área e quem sabe até morar sozinha ou com alguma amiga. Quero ser independente”, planeja. Caso logo não consiga um emprego, Karen também cogita a hipótese de viajar para a Espanha. “Tudo vai depender do que acontecer na volta”, conclui.


A jovem dois-irmonense em dos cartões postais de San Francisco, Califórnia

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