sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Câmara vive clima de guerra no Morro

Presidente Caçamba lamentou o momento vivido pela Câmara: “Nós perdemos o respeito entre nós”



A coisa degringolou de vez em Morro Reuter. Situação e oposição estão em pé de guerra na Câmara de Vereadores. Na sessão desta terça-feira, o projeto 078/2009, que trata da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2010, foi aprovado abaixo de muita polêmica. A LDO estabelece a projeção de obras da prefeitura para o próximo ano.
O documento recebeu 14 emendas aditivas - 12 da bancada de oposição, formada por PDT e PTB, e duas do vereador Marco Antônio Fröhlich, do PMDB - mas todas foram rejeitadas por 5 votos a 4. Para justificar a derrubada das emendas da oposição, a bancada do PMDB também votou contra as emendas do seu vereador, que depois tentou se explicar na tribuna:
- Votei contrário às minhas emendas porque eu sei que a arrecadação caiu bruscamente este ano. Para 2010, a projeção é de que melhore, e eu sei que, quando puder, o prefeito vai fazer minhas emendas - disse Marco Antônio.
- Então não sei nem por que tu apresentou elas - rebateu Romeo Schneider (PDT), que considerou “lastimável” o que aconteceu na votação da LDO.
O presidente Lauri Kaefer (PMDB), o Caçamba, justificou seu voto:
- É tudo maravilhoso o que vocês colocaram nas emendas, mas quase tudo já existe na LDO. Tiraram dinheiro de onde não deveriam ter mexido, e depois quem vai se queimar com isso é o prefeito. Por isso, sou contra - declarou.
As emendas tiveram os votos contrários de Caçamba, Marco Antônio, Wanderlei Behling, Guido Dilkin e João Bosco Staudt, do PMDB. Votaram a favor, Romeo e Renaldo Warken, do PDT, Juliana Zimmer e Júlio César Trierweiler, do PTB. A LDO sem emendas foi aprovada por unanimidade.

Situação derruba projeto
para sessões no interior

A polêmica da LDO foi apenas o começo. O projeto de Resolução 002/2009, apresentado pela oposição, também gerou polêmica. O documento solicitava a realização de uma sessão mensal nas localidades do interior, mas foi derrubada por 5 a 4.
O presidente Lauri Kaefer (PMDB), o Caçamba, lembrou que experiências anteriores não deram bom resultado.
- Já fizemos isso, e sei o que nós passamos e o que as comunidades passaram, tendo sessões em locais onde se vende bebida alcoólica. Além disso, é preciso deslocar secretária, assessor jurídico, equipamento de som... E chegar nas comunidades para fazer o que estão fazendo aqui é uma barbaridade. Se a comunidade quiser vir até aqui, as portas estão sempre abertas - comentou Caçamba.
Romeo Schneider (PDT) rebateu:
- Quem disse que é para fazer sessões nos bares? Para que existem as escolas? Vocês realmente estão me saindo melhor do que a encomenda - declarou o vereador.
João Bosco Staudt (PMDB) concordou com o presidente da Câmara:
- Sobre as sessões no interior, já tivemos experiência de que não funciona. Também ficou provado na sessão solene no CTG que as pessoas não prestam atenção. Quem sabe os vereadores não começam a ir de vez em quando para o interior - alfinetou.
A bancada do PMDB também entrou com um projeto de Resolução, propondo uma alteração no Regimento Interno.
O documento ainda não foi votado, mas já provocou bate-boca.
A proposta determina que a maior bancada possa indicar dois representantes nas comissões especiais. Atualmente, a Lei determina que cada partido indique um representante.
- Pasmem, cidadãos! Eles têm a cara preparada para entrar com um projeto de mudança no Regimento Interno. Além de ficar com a presidência os quatro anos para poder controlar tudo, agora querem indicar dois representantes na Comissão de Pareceres para que os projetos entrem e não sejam discutidos - revoltou-se o vereador Romeo Schneider (PDT), contra o que chamou de “patrolamento do PMDB”.
Hoje a oposição é maioria na Comissão de Pareceres, que tem um vereador do PTB, um do PDT e um do PMDB. Com a alteração no Regimento Interno, o PMDB poderá indicar dois membros, pois tem a maioria na casa (cinco vereadores).
O presidente Caçamba (PMDB) diz que considera “muito justo” a maior bancada ter dois representantes nas comissões.

PURA PIMENTA 64 horas em 2 dias
Juliana Zimmer (PTB) levou para a tribuna documentos que, de acordo com a vereadora, mostram que a prefeitura efetuou o pagamento de 64 horas de serviço em apenas dois dias, entre 6 e 7 de março deste ano.
- Como pode uma pessoa fazer 64 horas em dois dias? Isso torna a administração transparente? - questionou.
Wanderlei Behling (PMDB), o Pitcha, não gostou e rebateu:
- É praticamente impossível alguém se tornar vereador e continuar mentindo para a comunidade. Uma empresa pode fazer 64 horas, pois não trabalha apenas com um caminhão; às vezes são dois, três, mais retroescavadeira... Vamos botar os pés no chão e não mentir mais. Isso não é bonito, principalmente quando parte de uma educadora.
Juliana voltou à tribuna:
- Precisamos esclarecer quem está trazendo mentiras aqui... O que falar de uma única pessoa que executou 64 horas em apenas dois dias? Nós não podemos aceitar isso - disparou ela.
Romeo Schneider (PDT) também entrou na discussão:
- Como o senhor tira muito “o chapéu” para o prefeito, gostaria de saber se também tira o chapéu para as 64 horas? - comentou ele, dirigindo-se a Pitcha.
O clima esquentou:
- Na administração passada (que era do PDT) havia recibo em que não constava o local onde foi feito o serviço... Será que desviaram verba? - rebateu o vereador João Bosco Staudt (PMDB).
Pitcha engrossou o coro:
- A gente também poderia fazer um pedido de informações para saber quantos aditivos foram feitos no apagar das luzes da última administração... Vamos parar com isso e trabalhar pela comunidade - declarou o líder do PMDB.
Juliana insistiu:
- Dizem que os recursos estão sendo bem aplicados, mas pagar 64 horas é aplicar bem o dinheiro do povo?
A situação diz que as 64 horas correspondem ao serviço prestado por uma empresa, e não por apenas uma pessoa, como alega a oposição.
- Estive conversando com o prefeito e ele me disse que essas 64 horas se referem a uma empresa, que tem caminhões, retroescavadeira e máquina giratória trabalhando ao mesmo tempo - justificou o presidente Caçamba.
O vice-prefeito Harri Becker esteve na sessão e se mostrou indignado com o que chama de “politicagem”.
- Uma empresa pode fazer até 80 horas por dia... - comentou ele, com a reportagem do Jornal Dois Irmãos.

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